segunda-feira, 23 de abril de 2012

Os bispos em Assembleia Geral

Estamos participando, eu e os bispos auxiliares do Rio de Janeiro, com todos os demais Bispos do país, na capital mariana do Brasil, de mais uma Assembleia Geral dos Bispos do Brasil. Realizada neste ano no Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, no coração católico de nossa nação brasileira, a histórica 50ª. Assembleia Geral comemora os 60 anos da fundação da nossa Conferência Episcopal, juntamente com os 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II. Ela está acontecendo entre os dias 18 e 26 deste mês. O tema central desta Assembleia é um eco de nosso país à Exortação Apostólica pós-sinodal do Papa Bento XVI, Verbum Domini, e do Sínodo sobre a Palavra de Deus: “A Palavra de Deus na Vida e na Missão da Igreja – Ministros e servidores da Palavra de Deus e a Missão da Igreja hoje” – é a primeira proposta de um possível futuro documento sobre o tema. Além deste tema outros 28 passarão pela reflexão dos bispos, além de um dia e meio de retiro. Participam do encontro por volta de 340 bispos, entre eles os bispos eméritos que assim o desejarem, enriquecendo nosso sodalício com a sua presença e sua bonita experiência pastoral. Além dos bispos, participam ainda alguns teólogos, especialistas, convidados e colaboradores, tendo em sua totalização um número aproximado de 450 participantes. A experiência da comunhão manifesta-se na colegialidade dos bispos oriundos das mais diversas, significativas e desafiadoras realidades, e testemunham sempre mais a Unidade da Igreja de Cristo que, seguindo ao seu Mestre e Senhor, deseja ser no mundo e na sociedade o sacramento universal de salvação. Ensina o CIC no §1594, que "o Bispo recebe a plenitude do Sacramento da Ordem que o insere no Colégio Episcopal, e faz dele o chefe visível da Igreja Particular que lhe é confiada. Os Bispos, como sucessores dos apóstolos e membros do Colégio, participam da responsabilidade apostólica e da missão de toda a Igreja, sob a autoridade do papa, sucessor de São Pedro". Os bispos são os legítimos sucessores dos apóstolos e devem zelar pelo "depósito da fé" confiado à Igreja de Cristo. A fé cristã é também a fé apostólica, porque, baseada no testemunho legítimo dos apóstolos vê nos bispos a legítima sucessão dos apóstolos ao longo dos séculos na Igreja de Cristo. Esta missão dos bispos tem um tríplice sentido: recordar que a Igreja foi construída sobre o fundamento dos apóstolos, testemunhas escolhidas e enviadas para a missão por Cristo; conservar e transmitir, com o auxílio do Espírito Santo, o ensinamento, o depósito precioso, as salutares palavras da boca dos apóstolos; garantir que a Igreja de Cristo continue a ser ensinada, santificada e dirigida pelos apóstolos até a volta de Cristo, graças aos que a Eles sucedem na missão pastoral: o colégio dos bispos, assistido pelos presbíteros, em união com o sucessor de Pedro, pastor supremo da Igreja. (cf. CIC §857). Os bispos, como os apóstolos, são enviados a pregar, dando continuidade ao que fez Jesus: "Como o Pai me enviou, também eu vos envio" (Jo 20,21). São, portanto, ministros de Deus, ministros da Nova e Eterna Aliança, servidores de Cristo e administradores dos mistérios de Deus. São testemunhas da Ressurreição do Senhor, e sua missão deve durar até o fim dos tempos, na ocasião da vinda gloriosa de Nosso Senhor. Em sua missão compete aos bispos o tríplice múnus de ensinar, santificar e reger a Igreja de Cristo. Ensinar, anunciando, como primeira tarefa, o Evangelho de Cristo e denunciar tudo que lhe é contrário; santificar, pela oração e trabalho, pelo ministério da Palavra e dos Sacramentos e, também, por seu testemunho de vida; reger, porque lhes cabe dirigir e coordenar suas igrejas particulares como delegados de Cristo com conselhos, exortações e exemplos, com autoridade e poder sagrado, sempre no mais profundo espírito de serviço e comunhão, tal como o seu Mestre. O Documento de Aparecida, no seu §181 ressalta que "Os bispos, além do serviço à comunhão que prestam em suas Igrejas particulares, exercem este ofício junto com as outras Igrejas diocesanas. Desse modo, realizam e manifestam o vínculo de comunhão que as une entre si. Na Conferência Nacional, os bispos encontram seu espaço de discernimento solidário sobre os grandes problemas da sociedade e da Igreja, e o estímulo para oferecer orientações pastorais que animem os membros do povo de Deus a assumirem com fidelidade e decisão sua vocação de serem discípulos missionários.” No Brasil, desde 1953 os bispos se reúnem para discutir assuntos pastorais de ordem espiritual e temporal, e ainda problemas emergentes para a vida das pessoas e da sociedade na perspectiva da evangelização. Da primeira assembleia dos bispos, em 1953, em Belém do Pará, até agora, nesta assembleia de Aparecida, tivemos 50 Assembleias. A CNBB é considerada hoje a maior Conferência Episcopal do mundo, com um total aproximado de 460 bispos, sendo 301 em atividade e 159 eméritos. As atividades referentes à Assembleia estão sendo realizadas no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho, e as celebrações na Basílica Nacional, com a preciosa participação dos romeiros de Nossa Senhora, que rezam junto com seus pastores. O espaço conta com salas de apoio aos bispos, secretaria, sala de imprensa, internet, segurança e ambulatório médico, tudo para garantir aos bispos um espaço fecundo de oração e comunhão. Os fiéis que desejarem acompanhar as celebrações poderão fazê-lo pelos canais católicos, sempre a partir das 07h30min da manhã, quando temos a celebração da Missa junto com as Laudes. Acompanhemos este evento tão especial com nossas orações, acolhendo a Palavra de Cristo que nos é dirigida pela palavra de seus bispos que, com renovado ardor missionário e em espírito de comunhão e participação, buscam orientar o povo de Deus nesta tão significativa parcela do povo de Deus, que é o Brasil. Acompanhemos nossos bispos que participam da solicitude por todas as Igrejas, consagrados para a salvação de todo o mundo, para que, em comunhão com seu pastor supremo, o Papa, possam tornar sempre mais visíveis o princípio e o fundamento da Unidade da Igreja de Cristo, presidindo suas igrejas particulares e todo o rebanho de Cristo por meio de sua legítima autoridade e doutrina, servindo a Cristo e sua Igreja, empenhando-se sempre e cada vez mais na construção do Reino de Deus, que já está entre nós e não ainda em sua totalidade. Ao acolhermos o ensinamento dos apóstolos de nosso tempo seja mantido o bem da Igreja de Cristo e o serviço às comunidades cristãs, sempre mais avivadas pelo Espírito Santo em todos os cantos e recantos de nossa nação, guiando-nos sempre mais à liberdade perfeita, que só é possível fazendo a vontade de Deus. Que a santa Mãe de Deus, Maria Santíssima, no Brasil invocada sobre o título de Conceição Aparecida nas águas do Rio Paraíba ajudem-nos a sermos dóceis à vontade de Seu Filho, Jesus Cristo. Que o Evangelho se propague sempre mais e que Seu Reino se espalhe sobre a Terra. + Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

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