segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Um Deus e três religiões monoteístas: a Comissão Teológica Internacional responderá

Se só existe um Deus, como se explicam as três religiões monoteístas? Quais as relações entre judeus, muçulmanos e monoteístas com relação a isso? A sessão plenária da Comissão Teológica Internacional vai tentar responder a essas perguntas.
A Comissão, cuja função é ajudar a Santa Sé e especialmente a Congregação para a Doutrina da Fé a examinar questões doutrinais importantes, discutirá, de 29 de novembro a 3 de dezembro, no Vaticano, a questão dos princípios, sentido e método da Teologia além da integração da doutrina social da Igreja no contexto da doutrina cirstã.
A sessão será presidida pelo cardeal William Joseph Levada, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
Os resultados dos estudos da Comissão são apresentados ao Papa e entregues para sua oportuna utilização à Congregação para a Doutrina da Fé. Em geral, são publicados posteriormente para o conhecimento da opinião pública.
A Comissão está composta de teólogos de diferentes escolas e nações, eminentes por sua ciência e fidelidade ao Magistério da Igreja. Os membros – em número não superior a 30 – são nomeados pelo Santo Padre sob proposta do prefeito da Congregação e após consulta com as conferências episcopais.
A Comissão surgiu quando Paulo VI acolheu a proposta da primeira assembleia ordinária do Sínodo dos Bispos, em 11 de abril de 1969.

Fonte: Zenit.

Ucrânia, uma Igreja supostamente desaparecida

A Igreja na Ucrânia supostamente havia desaparecido. Os comunistas tentaram liquidá-la em 1946, mas os crentes conservaram a fé de forma clandestina, mantendo-a como uma Igreja de catacumbas durante mais de 40 anos.
Lubomyr Husar, o futuro chefe da Igreja na Ucrânia, nasceu em Kiev em 1933, mas em meio ao alvoroço do comunismo, sua família abandonou o país, encontrando refúgio primeiro na Áustria e assentando-se, depois, nos Estados Unidos, em 1949. Moraram nos Estados Unidos durante 20 anos e o jovem Lubomyr seguiu lá sua vocação sacerdotal, tornando-se sacerdote da eparquia ucraniana de Stamford (Connecticut), em 1958.
Ele morou na Itália durante mais de duas décadas e, depois de 46 anos de ausência, voltou à sua nativa Ucrânia.
Hoje, com 77 anos, e agora cardeal (desde 2001), é o arcebispo de Kiev.
Nesta entrevista, o cardeal reflete sobre a mão da Divina Providência em sua Igreja, que “se supunha que estava desaparecida”.
Seus pais devem ter sido um exemplo para o senhor. O senhor sempre teve o desejo e o sentido da vocação?
Cardeal Husar: Eu senti isso muito cedo. Acho que foi antes dos 10 anos, quando tive, de alguma maneira, o desejo de tornar-me sacerdote. Certamente, naquele então, durante a guerra, era muito difícil – só se podia sonhar com isso – mas, quando a guerra terminou e, depois, quando chegamos aos Estados Unidos, em 1949, foi possível tornar realidade aquele sonho e entrei no seminário três semanas depois da nossa chegada aos Estados Unidos.
Numa idade assim, aos 10 anos, houve alguma outra pessoa ou algum acontecimento que despertou esse desejo de ser sacerdote?
Cardeal Husar: Acho que foi o bom exemplo do sacerdote da igreja que minha família costumava frequentar. A igreja estava a cargo dos padres redentoristas e eles trabalhavam com muito zelo, pregavam muito bem, cuidavam dos fiéis que iam à sua igreja. Sendo um menino, fui membro da comunidade dedicada à Mãe Santíssima, na qual os padres redentoristas nos reuniam e nos guiavam. Tenho certeza de que isso, de alguma maneira, teve a ver com a minha vocação.
O senhor agora é responsável pelos católicos gregos, não só na Ucrânia, mas também na diáspora e muitos deles estão nos Estados Unidos. O senhor sente que a Providência o levou aos Estados Unidos de forma que pudesse conhecer sua cultura e sua gente?
Cardeal Husar: Estou pessoalmente convencido de que a história da nossa Igreja nos últimos 130 anos, desde a época em que a primeira onda de imigrantes chegou aos Estados Unidos, nos anos 80 e 90, todo este movimento, que depois se repetiu após a primeira e segunda guerras mundiais, foi, de alguma forma, providencial. Que a nossa Igreja pudesse se estabelecer no Norte e no Sul da América e fosse capaz de sobreviver durante os anos em que a Igreja na pátria era perseguida, nos ajuda muito. Acho que hoje existe uma quarta onda que chega aos Estados Unidos e ao Canadá e encontra um novo lar para eles nas igrejas que existem há um século.
Sinto também que, de alguma maneira, é providencial que possamos servir a comunidade; não só a nossa própria comunidade, ajudando a manter a fé e a tradição, mas que também possamos ser testemunhas para os demais da catolicidade verdadeira da Igreja, da amplidão da Igreja, da sua capacidade de existir em diversas culturas e línguas; e sinto que, de alguma forma, isso também é uma intervenção da Divina Providência.
O senhor voltou à Ucrânia no final do comunismo. Qual foi sua primeira impressão ao voltar ao país?
Cardeal Husar: Visitei a Ucrânia pela primeira vez em 1990 e de forma muito breve, apenas durante 10 dias. Encontrei-me com alguns sacerdotes e leigos. A impressão eu diria que foi de luzes e sombras, porque, por um lado, enfrentei a realidade daquelas pessoas, que haviam passado por um período muito, muito duro e, por outro, percebi que essas pessoas, devido ao que haviam passado, tinham sofrido muito. Estive de forma permanente na Ucrânia durante quase 15 anos e me surpreendem, se não todos os dias, quase todos. Descubro algo novo sobre o que foi aquela realidade e os efeitos e consequências que deixou nos corações das pessoas.
O partido comunista, apoiado pelo estado comunista, tentou, de forma muito assídua e de maneira muito refinada, transformar as pessoas, fazer que esquecessem que são criaturas de Deus e convencê-las verdadeiramente de que são criaturas do Estado, que são completamente dependentes do Estado. Em outras palavras, tentar que assumissem uma natureza e uma moral diferentes. Isso ainda está presente em nós, ainda que, graças a Deus, as pessoas mantenham sua fé e vão à igreja. Mas viver uma vida cristã diária não é fácil para eles, porque foram educados de forma diferente, contrário aos princípios da moral cristã.
Qual seria a cicatriz mais profunda e persistente que o comunismo deixou nos corações e no espírito das pessoas?
Cardeal Husar: Não sei se poderia identificar uma em particular, mas, em geral, é a falta de confiança nas pessoas, nos vizinhos e inclusive nos membros da própria família, porque todo o sistema se apoiava no medo e o medo consistia em não confiar em ninguém.
O senhor disse, certa vez: “O problema é que o Leste – isto é, a tradição bizantina – não conhece o Ocidente, a Igreja latina, e o Ocidente não conhece o Oriente”. O que o senhor quis dizer com isso?
Cardeal Husar: Eu quis dizer isso quase literalmente. Neste sentido, a Europa Ocidental, isto é, a cultura latina, e a Europa Oriental, que basicamente é de cultura bizantina, não se conhecem simplesmente por circunstâncias históricas; não se deu o intercâmbio suficiente.
Pode haver duas razões para isso. Uma pode ser uma razão externa, a situação política, a divisão política entre Europa Ocidental e Oriental, que foi muito óbvia durante a Guerra Fria, a Cortina de Ferro. A mentalidade de uma “Cortina de Ferro” esteve presente durante décadas, talvez inclusive séculos. O segundo aspecto é que a Europa Ocidental, especialmente a cultura latina, foi também uma cultura católica, enquanto na Europa Oriental, devido a circunstâncias que estiveram presentes durante séculos, a cultura bizantina se identificou primariamente com as tradições ortodoxas. Falo aqui dos ortodoxos em sentido confessional, o que impediu um intercâmbio fácil entre estas duas culturas que, hoje, por conseguinte, conhecemos como Oriente e Ocidente.
O Papa João Paulo II falou de uma Europa com dois pulmões: o bizantino (ou ortodoxo) e o católico. Que dons a Igreja latina pode oferecer à bizantina e vice-versa?
Cardeal Husar: É necessário fazer aqui um pequeno esclarecimento, porque o aspecto oriental e ocidental – ou ambos os pulmões, se você preferir – não deveriam se identificar totalmente com os católicos e os ortodoxos. A maioria das pessoas do leste é ortodoxa e a maioria das do Ocidente é católica; no entanto, há católicos nas tradições orientais; então, não devemos fazer uma identificação dessa maneira exclusiva.
Mas o Santo Padre falava de um intercâmbio de dons, falando espiritualmente. Acho que há certos aspectos no Ocidente e no Oriente que, se ambas as partes conhecessem, enriqueceriam o Oriente com o Ocidente e vice-versa. Eu não saberia identificá-los de forma precisa, mas, em geral, um deles é a fé. E penso que deveríamos ser muito conscientes do fato de que, ainda que tenhamos dois pulmões, sempre há um coração atrás deles, e este único coração é Jesus Cristo, que é reconhecido por culturas diferentes de maneiras diferentes, mas que essencialmente é o mesmo Jesus Cristo no Ocidente e no Oriente. No entanto, há certos acentos e creio que estes deveriam ser estudados, deveriam ser a expressão desta partilha de dons.
O senhor conheceu o Pe. Werenfried, o fundador de Ajuda à Igreja que Sofre. Poderia me dizer qual foi a importância de Ajuda à Igreja que Sofre na história da Igreja Católica grega e qual é sua importância hoje?
Cardeal Husar: Nas décadas de 60, 70 e 80, o Pe. Werenfried, com Ajuda à Igreja que Sofre, a organização que ele fundou, amava nossa Igreja e ajudou nossa Igreja quando não era popular fazê-lo. Supunha-se que havíamos desaparecido, que haviam nos liquidado. Não deveríamos ser mencionados oficialmente, mas, naquele momento, o Pe. Werenfried estava disposto a ajudar em tudo que pudesse, naqueles dias de perseguição. Por isso, penso não somente na ajuda material oferecida, mas sobretudo na ajuda moral que ele nos deu: sua fé na nossa Igreja, em sua existência, em seu eventual renascimento. Acho que isso foi, para nós, de uma importância capital.
Hoje, certamente, a situação é diferente. Hoje, Ajuda à Igreja que Sofre nos apoia, por exemplo, ainda muito mais com certos projetos. Um dos maiores projetos é a Universidade Católica Ucraniana, a única universidade católica na antiga União Soviética. Quando o Santo Padre João Paulo II veio à Ucrânia, em 2001, passou pelo lugar onde estavam o seminário e a faculdade de teologia e onde estavam presentes os representantes da universidade. Entre eles, estava o Pe. Werenfried; o Santo Padre lhe agradeceu expressamente pelo que havia feito por nós. Acho que, neste sentido, nas novas condições de liberdade e desenvolvimento da nossa Igreja, o trabalho do Pe. Werenfried ainda continua.

Fonte: Zenit.

A autêntica arte sacra

A arte sacra tem a tarefa de servir com a beleza à sagrada liturgia. Na Sacrosanctum Concilium está escrito: “A Igreja nunca considerou um estilo como próprio seu, mas aceitou os estilos de todas as épocas, segundo a índole e condição dos povos e as exigências dos vários ritos, criando deste modo no decorrer dos séculos um tesouro artístico que deve ser conservado cuidadosamente” (n. 123).
A Igreja, portanto, não elege um estilo. Isso quer dizer que não privilegia o barroco ou o neoclássico ou o gótico. Todos os estilos são capazes de servir ao rito. Isso não significa, evidentemente, que qualquer forma de arte possa ou deva ser aceita acriticamente. De fato, no mesmo documento, afirma-se com clareza: “A Igreja julgou-se sempre no direito de ser como que o seu árbitro, escolhendo entre as obras dos artistas as que estavam de acordo com a fé, a piedade e as orientações veneráveis da tradição e que melhor pudessem servir ao culto” (n. 122). Torna-se útil, portanto, perguntar-se “que” forma artística pode responder melhor às necessidade de uma arte sacra católica, ou, o que é o mesmo, “como” a arte pode servir melhor, “desde que sirva com a devida reverência e a devida honra às exigências dos edifícios e ritos sagrados”.
Os documentos conciliares não desperdiça palavras, e elas dão diretrizes precisas: a arte sacra autêntica deve buscar nobre beleza e não mera suntuosidade, não deve contraria a fé, os costumes, a piedade cristã, ou ofender o genuíno sentido religioso. Este último ponto vem explicitado em duas direções: as obras de arte sacra podem ofender o sentido religioso genuíno “pela depravação da forma, que pela insuficiência, mediocridade ou falsidade da expressão artística” (n. 124). Requer-se da arte sacra a propriedade de uma forma bela, “não depravada”, e a capacidade de expressar de forma apropriada e sublime a mensagem. Um claro exemplo está presente também na Mediator Dei, em que Pio XII pede uma arte que evite “o realismo excessivo por um lado e, por outro, o exagerado simbolismo” (n. 190).
Essas duas expressões referem-se a expressões históricas concretas. Encontramos de fato “excessivo realismo” na complexa corrente cultural do Realismo, nascido como reação ao sentimentalismo tardio romântico da pintura de moda, e que podemos encontrar também na nova função social assinalada ao papel do artista, com peculiar referência a temas tomados diretamente da realidade contemporânea, e também a podemos relacionar com a concepção propriamente marxista da arte, que conduzirão as reflexões estéticas da II Internacional, até as teorias expostas por G. Lukacs. Além disso, há “excessivo realismo” também em algumas posturas propriamente internas à questão da arte sacra, ou seja, na corrente estética que entre finais do século XIX e inícios do XX propôs pinturas que tratam de temas sagrados sem enfrentar corretamente a questão, com excessivo verismo, como por exemplo uma Crucifixão pintada por Max Klinger, que foi definida como uma composição “mista de elementos de um verismo brutal e de princípios puramente idealistas” (C. Costantini, Il Crocifisso nell’arte, Florença 1911, p. 164).
Encontramos em contrapartida “exagerado simbolismo” em outra corrente artística que se contrapõe à realista. Entre os precursores do pensamento simbolista podem-se encontrar G. Moureau, Puvis de Chavannes, O. Redon, e mais tarde aderiram a essa corrente artistas como F. Rops, F. Khnopff, M. J. Whistler. Nos mesmos anos, o crítico C. Morice elaborou uma verdadeira e própria teoria simbolista, definindo-a como uma síntese entre espírito e sentidos. Até chegar, depois de 1890, a uma autêntica doutrina levada adiante pelo grupo dos Nabis, com P. Sérusier, que foi seu teórico, pelo grupo dos Rosacruzes, que unia tendências místicas e teosóficas, e finalmente pelo movimento do convento beneditino de Beuron.
A questão se esclarece mais, portanto, se se enquadra imediatamente nos termos histórico-artísticos corretos; na arte sacra, é necessário evitar os excessos do imanentismo por um lado e do esoterismo por outro. É necessário empreender o caminho de um “realismo moderado”, junto a um simbolismo motivado, capazes de captar o desafio metafísico, e de realizar, como afirma João Paulo II na Carta aos Artistas, um meio metafórico cheio de sentido. Portanto, não um hiper-realismo obcecado por um detalhe que sempre escapa, mas um sadio realismo, que no corpo das coisas e rosto dos homens sabe ler e aludir, e reconhecer a presença de Deus.
Na mensagem aos artistas, diz-se: “Vós [os artistas] ajudastes [a Igreja] a traduzir sua divina mensagem na linguagem das formas e das figuras, a fazer perceptível o mundo invisível”. Parece-me que nesta passagem toca-se no coração da arte sacra. Se a arte, da forma à matéria, expressa o universal mediante particular a arte sacra, a arte a serviço da Igreja, realiza também a sublime mediação entre o invisível e o visível, entre a divina mensagem e a linguagem artística. Ao artista se pede que dê forma à matéria, recriando inclusive esse mundo invisível mas real que é a suprema esperança do homem.
Tudo isso me parece que conduz para uma afirmação da arte figurativa – ou seja, uma arte que se empenha em “figurar” como realidade – como máximo instrumento de serviço, como melhor possibilidade de uma arte sacra. A arte realista figurativa, de fato, consegue servir adequadamente ao culto católico, porque se funda na realidade criada e redimida e, precisamente comparando-se com a realidade, consegue evitar os escolhos opostos dos excessos. Precisamente por isso, pode-se afirmar que o mais próprio da arte cristã de todos os tempos é um horizonte de “realismo moderado”, ou, se queremos, de “realismo antropológico”, dentro do qual se desenvolveram, no tempo, todos os estilos próprios da arte cristã (dada a complexidade do tema, remeto a artigos posteriores).
O artista que queira servir a Deus na Igreja não pode senão medir-se como a “imagem”, a qual faz perceptível o mundo invisível. Ao artista cristão se pede, portanto, um compromisso particular: o de representar a realidade criada e, através dela, esse “mais além” que a explica, funda, redime. A arte figurativa não deve tampouco temer como inatual a “narração”, a arte é sempre narrativa, tanto mais quando se põe a serviço de uma história que sucedeu em um tempo e um espaço. Pela particularidade desta tarefa, ao artista se pede também que saiba “o que narrar”: conhecimento evangélico, competência teológica, preparação histórico-artística e amplo conhecimento de toda a tradição iconográfica da Igreja. Por outro lado, a própria teologia tende a se fazer cada vez mais narrativa.
A obra de arte sacra, portanto, constitui um instrumento de catequese, de meditação, de oração, sendo destinada “ao culto católico, à edificação, à piedade e à instrução religiosa dos fiéis”; os artistas, como recorda a já muitas vezes citada mensagem da Igreja aos artistas, “edificaram e decoraram seus templos, celebraram seus dogmas, enriqueceram sua liturgia” e devem continuar fazendo isso.
Assim também hoje nós somos chamados a realizar em nosso tempo obras e trabalhos dirigidos a edificar o homem e a dar Glória a Deus, como recita a Sacrosanctum Concilium: “Seja também cultivada livremente 'na Igreja a arte do nosso tempo, a arte de todos os povos e regiões, desde que sirva com a devida reverência e a devida honra às exigências dos edifícios e ritos sagrados. Assim poderá ela unir a sua voz ao admirável cântico de glória que grandes homens elevaram à fé católica em séculos passados” (n. 123).
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* Rodolfo Papa é historiador da arte, professor de história das teorias estéticas na Universidade Urbaniana, em Roma; presidente da Accademia Urbana delle Arti. Pintor, autor de ciclos pictóricos de arte sacra em várias basílicas e catedrais. Especialista em Leonardo Da Vinci e Caravaggio, é autor de livros e colaborar de revistas.

Fonte: Zenit.

Videogames e violência

Pe. John Flynn, LC

O Supremo Tribunal dos Estados Unidos ouviu, há pouco tempo, argumentos para decidir se deve ou não proibir a venda ou locação de videogames violentos a menores de idade.
Segundo a informação da imprensa, a reação dos juízes foi contraditória, com opiniões que não se adequavam à divisão normal que costuma haver entre eles na maioria das questões legais.
O caso tem a ver com uma lei da Califórnia, de 2005, que proíbe a venda de videogames excessivamente violentos a menores de idade. Foi assinada, como alguns observavam ironicamente, por um antigo ator, conhecido por seus filmes violentos, o governador Arnold Schwarzenegger. Após ser invalidada nos tribunais inferiores, a batalha pela lei chegou agora ao Supremo Tribunal.
As questões em litígio vão desde por que só os videogames deveriam receber um tratamento especial, e não também os quadrinhos e a música rap, até se poderiam inclusive ser considerados uma forma de arte, informou o Wall Street Journal no dia 3 de novembro.
“Neste país não temos a tradição de dizer às crianças que devem ver as pessoas batendo na cabeça dos colegas com um pedaço de pau enquanto estes suplicam piedade, pessoas que não têm dó e que decapitam, que atiram nas pernas das pessoas”, afirmou o juiz presidente John Roberts, segundo a reportagem de 2 de novembro da Associated Press.
Pelo contrário, o juiz Antonin Scalia afirmou: “Preocupa-me a Primeira Emenda, que diz que o Congresso não deveria criar lei alguma que limitasse a liberdade de expressão”. E acrescentou: “Nunca se entendeu que a liberdade de expressão não inclui representações da violência”.
Segundo o texto da Associated Press, os tribunais de outros seis Estados anularam proibições similares.
Liberdade de expressão
“Os videogames, inclusive os violentos, permitem que os jogadores tenham liberdade de expressão, como os instrumentos permitem que os músicos tenham liberdade de expressão”, escreveu Daniel Greenberg, roteirista e desenhista de videogames, em um artigo de opinião no Washington Post, em 31 de outubro.
“Ninguém no governo está qualificado para decidir que jogos não permitem a liberdade de expressão, ainda que a liberdade de expressão seja de um menino de 15 anos”, afirmou. Também argumentou que as autoridades da Califórnia não tinham conseguido apresentar evidências de que os videogames causam danos psicológicos aos menores.
Após a apresentação de argumentos ao tribunal, um redator do PC World, JR Raphael, também condenou a lei em seu site, em um artigo sem data.
Deixando de lado assuntos de princípios, apontou os problemas práticos da legislação. O texto da lei define um videogame violento como aquele “no qual o leque de opções disponíveis a um jogador inclui assassinar, mutilar, desmembrar ou abusar sexualmente da imagem de um ser humano”, de forma “declaradamente ofensiva”, apela aos “interesses desviados mórbidos” de uma pessoa e carece de “verdadeiro valor literário, artístico, político ou científico”.
“Quem vai declarar sobre que videogames são 'declaradamente ofensivos' e quais não são?”, questionou. Também citou uma pergunta do juiz Antonin Scalia: “O que é um videogame violento 'desviado', em oposição a um videogame violento 'normal'?”.
Gregory K. Laughlin, diretor da biblioteca de Direito da Faculdade Cumberland de Direito da Universidade Samford (Alabama), mostrou-se a favor da lei, em um texto divulgado no dia 2 de novembro, no site da revista First Things.
Ele admitiu que os pesquisadores se mostraram divididos sobre a existência de um nexo entre os videogames e os comportamentos violentos. Também reconheceu que a questão é a liberdade de expressão. Não obstante, afirmou que, no passado, o Supremo Tribunal sustentou que haveria restrições para os menores quanto ao tema da liberdade de expressão.
Há mais de 40 anos, indicou Laughlin, o Supremo Tribunal manteve vigente uma lei de Nova York que restringia o acesso dos menores às revistas pornográficas. Em sua sentença, o tribunal explicou que o Estado estava justificado na hora de agir, não com base em uma certeza científica sobre o dano causado, mas porque “os pais têm um interesse no desenvolvimento ético e moral dos seus filhos e têm o direito de contar com a ajuda do Estado ao educar seus filhos para que sejam adultos éticos e morais”.
Laughlin fez referência a outras sentenças e concluiu citando uma opinião que se remonta a mais de 60 anos, do juiz Robert Jackson, quem dizia: “Existe o perigo de que, se o Tribunal não moderar sua lógica doutrinária com um pouco de sabedoria prática, pode converter a Lei de Direitos constitucionais em um pacto suicida”.
Pesquisas
No começo deste ano, aconteceu um debate similar na Austrália, quando o departamento do Fiscal Geral federal recebeu propostas sobre a possibilidade de introduzir a categoria para maiores de 18 anos nos videogames.
Ainda não se anunciou nenhuma decisão, mas em maio o governo publicou um informe sobre o material recebido do público e de organizações. Houve 34 comunicações da comunidade, da Igreja e de grupos da indústria. Destes, 18 apoiavam a introdução da classificação para maiores de 18 anos, enquanto 16 se opunham à sua introdução.
Os grupos da indústria do entretenimento estavam a favor de uma categoria para adultos, que lhes permitiria vender jogos que atualmente não são permitidos na Austrália. Em suas comunicações, sustentaram que existe uma falta de evidência científica que conclua que os meios violentos causam ou desencadeiam comportamentos violentos. Também afirmaram que não há provas de que a violência dos videogames seja mais prejudicial que a violência dos filmes ou de outros meios.
Algumas organizações cristãs e familiares se opuseram à criação da categoria de adultos nos videogames. Em sua comunicação, o Australian Christian Lobby afirmou que já se estendeu na comunidade a preocupação pela violência na mídia e é maior quando se fala de videogames.
Manter uma proibição aos videogames não adequados para menores é – afirmaram – uma postura “baseada no bom senso e na pesquisa apoiada na premissa de que a natureza interativa dos jogos de computador causa que seu conteúdo tenha um maior impacto nos jogadores que os efeitos de representações de cinema parecidas de condutas violentas ou sexuais nos espectadores de filmes”.
O Australian Council on Children and the Media observou que, com materiais portáteis qualificados para maiores de 18 anos, como DVDs e jogos, existe um risco muito maior de que não se proteja sua exposição às crianças. Isso contrasta com os filmes de cinema, dos quais é mais fácil proteger as crianças.
Além disso, afirmaram que, ainda que alguns pais possam estar muito bem informados sobre os riscos e estar atentos para evitar a exposição em seus próprios lares, nem todos estão.
Não é o ideal
No entanto, a Igreja Católica adotou uma postura diferente neste tema. A Conferência Episcopal Australiana emitiu um comunicado estabelecendo que sua opção preferida seria que o material para maiores de 18 anos não estivesse disponível na Austrália.
Mas, dado que já está presente, apesar de ler ilegal, seria preferível introduzir a classificação para maiores de 18 anos nesses jogos, de forma que se possa restringir o acesso a este material por parte de menores.
A comunicação deixou claro que a Conferência Episcopal Australiana não aprova tais videogames. “Em um mundo ideal, o tipo de material que está incluído em filmes e jogos de computador para maiores de 18 anos nunca deveria ser visto em uma democracia civilizada”, comentaram os bispos.
Como este não é um mundo ideal, precisamos resolver a situação da melhor maneira possível. Proibir não é uma opção, pois, de fato, a conferência episcopal afirmou que muito desse material está disponível por meio da internet ou de cópias.

Fonte: Zenit.

Cardeal José Manuel Estepa, vida a serviço da Igreja

O cardeal José Manuel Estepa, 84 anos, confessa que recebeu a nomeação cardinalícia por Bento XVI “com muita surpresa” e diz brincando: “sou um bispo amortizado”, ou seja, “já terminei de pagar meu serviço”.

O arcebispo emérito castrense, nascido em Andújar Jaén (Espanha), integra os 24 novos cardeais e os 4 não-eleitores (por ser maior de 80 anos) recém-nomeados pelo Papa. ZENIT o entrevistou.

Em seus anos de sacerdote, como foi ser consultor e colaborador da Congregação para o Clero?

Cardeal José Manuel Estepa: Comecei colaborando com a Congregação para o Clero no setor de catequese, no ano de 1969. Sempre continuei. Já são mais de 40 anos de colaboração. Sempre no setor de catequese, como uma perspectiva que em mim se acentuou com a colaboração com o CELAM, na América Latina.

O senhor foi nomeado bispo por Paulo VI, em 1972. Que destaca dele?

Cardeal José Manuel Estepa: O esforço por unir cada vez mais a reflexão cristã de anúncio de fé. Nesta colaboração, a catequese teve uma dimensão missionária. Isso está em sintonia, já o víamos desde aquele tempo, com o que o atual Santo Padre pede, este dinamismo de evangelização.
Estávamos convencidos de que os países de raízes cristãs necessitavam de um novo impulso. Sempre há que buscar que a evangelização banhe e se impregne da cultura de cada tempo. Propriamente estávamos em uma mutação e em uma mudança de cultura. Tudo isso se viu com a celebração do Concílio Vaticano II. Era importante que o Evangelho se fizesse presente.
A isso se fez frente com dois sínodos universais: primeiro o de 1974, sobre a evangelização. Isso foi uma visão muito profunda de Paulo VI. Quando no ano seguinte é-lhe pedido que determine o tema do seguinte sínodo, Paulo VI disse que deveria ser da catequese, que se celebrou em 1977, porque não se podia separar evangelização de catequese.
A evangelização é a semeadura, a catequese é o crescimento. Por isso, não se podem separar. Se se faz só evangelização no sentido da pregação de conversão, não se fortalece o crescimento da personalidade cristã no fundamento da cultura, pois também aí há imaturidade.

O senhor também fez parte dos bispos que redigiram o Catecismo da Igreja Católica. Como foi?

Cardeal José Manuel Estepa: No início, éramos seis bispos. Depois, fomos sete, os da comissão de redação do catecismo. Sempre que fazíamos reuniões em Roma, o Papa João Paulo II vinha um dia ver nosso trabalho e nos escutava muito. Foram praticamente seis anos de trabalho com um ritmo bimestral.
Recordo muito o cardeal Ratzinger, que se caracterizava pela certeza de saber que essa tarefa ia poder terminar. O objetivo valia a pena e tinha-se de trabalhar com confiança, sem estar obcecados e também estando seguros de que os que estávamos fazendo valia o esforço.
O cardeal Ratzinger foi exemplar nesse dinamismo de confiança. Éramos um grupo muito reduzido. Depois de poucos meses, o grupo cresceu, com o atual cardeal Levada, hoje prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, depois o atual arcebispo de Viena, cardeal Cristoph Schoenborn, que tinha sido aluno de Ratzinger. Aí fiquei muito satisfeito e trabalhei com confiança. Pessoalmente, essa experiência ajudou no amadurecimento de minha fé.

Passemos a seu serviço episcopal. O senhor assumiu como bispo auxiliar de Madri em um momento de muitas tensões, no chamado período de transição na Espanha.

Cardeal José Manuel Estepa: Sim. Estive ali por 11 anos (1972 – 1983). Acompanhei o cardeal Tarancón, que durante o mesmo período era arcebispo de Madri. Uma grande personalidade, com quem pude colaborar em um tempo muito duro para nós. Era o conhecido tempo de transição da ditadura para a democracia. A Igreja teve de guardar um grande equilíbrio e fazer possível acompanhar uma sociedade que evoluía para formas políticas diferentes. Creio que a Igreja o fez com grande prudência e com grande sentido de generosidade.

Depois passou a ser arcebispo castrense.

Cardeal José Manuel Estepa: Foi aí que recrudesceu o terrorismo, que me afetou de uma maneira muito particular, porque durante alguns anos os primeiros objetivos dos terroristas eram os militares e a polícia. Era uma preferência macabra e trágica. Tive de presidir a muitas celebrações funerais.
Foram 20 anos e 10 meses de arcebispo castrense (1983 – 2004), em que, sobretudo nos 10 primeiros anos, tive de acompanhar vítimas de terrorismo, depois as preferências dos terroristas foram mudando de objetivo, deixaram de ser os militares.
Minha experiência de arcebispo ordinário militar me ajudou, porque encontrei um setor da sociedade espanhola caracterizado pela fortaleza. Com isso não quero fazer distinções de mais católicos ou menos católicos. Mas devo proclamar que nos militares e profissionais e na polícia vejo um grande sentido cristão em geral e uma formação mais sólida como cristãos que em outros setores da sociedade. Eu estava servindo em um setor onde a fé estava sendo semeada e onde tinha dado frutos. Isso em enche de satisfação.

Como vê a situação da fé na Espanha?

Cardeal José Manuel Estepa: Creio que com a visita recente do Papa se pôde apreciar que a fé vive, não só nas gerações mais velhas, mas em um setor de juventude, temos de cultivar isso. Estamos necessitados de um grande fortalecimento, que necessita de uma grande catequese.

Fonte: Zenit.

O homem se mede por aquilo que espera, diz Papa

A espera é uma dimensão que atravessa toda existência do ser humano, sendo que este se mede por sua esperança e pelas coisas que aguarda.
O Papa Bento XVI dedicou a oração do Angelus deste domingo, com os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, ao tema da espera e da esperança, no contexto do primeiro domingo do Advento.
“A espera, o aguardar, é uma dimensão que atravessa toda a nossa existência pessoal, familiar e social. A espera é presente em milhares de situações, das menores e mais banais às mais importantes, que nos comprometem totalmente e no profundo”, disse o pontífice.
Bento XVI citou exemplos de momentos marcantes nesse sentido, como a espera dos pais pelo filho, a espera de um jovem pelo êxito em um exame decisivo ou em uma entrevista de trabalho; nas relações afetivas, a espera do encontro com a pessoa amada, da resposta a uma carta, ou da acolhida de um pedido de perdão.
Segundo o Papa, “pode-se dizer que o homem está vivo enquanto espera, enquanto em seu coração é viva a esperança. E por sua esperança o homem se reconhece: a nossa ‘estatura’ moral e espiritual se pode medir por aquilo que esperamos, por aquilo em que temos esperança”.
Neste tempo que prepara o Natal, o Papa convidou cada pessoa a se perguntar aquilo que espera. “O que, neste momento de minha vida, clama em meu coração?”, sugeriu que se pergunte o Papa. Mas não só no âmbito individual, também no coletivo, o que se espera enquanto comunidade.
O Papa indicou então que se aprenda de Maria, “Mulher do Advento, a viver o dia a dia com um espírito novo, com o sentimento de uma espera profunda, que só a vinda de Deus pode preencher”.

Fonte: Zenit - (Alexandre Ribeiro)

Vida concebida deve-se proteger com o máximo cuidado

"A vida, uma vez concebida, deve ser protegida com o máximo cuidado", afirma Bento XVI.
O Papa presidiu no final da tarde desse sábado, na Basílica de São Pedro, as Primeiras Vésperas do I Domingo do Advento.
A celebração realizou-se no contexto da vigília pela vida do nascituro, a cuja participação foram convidadas a se unir as comunidades católicas de todo mundo.
Em sua homilia – segundo informa Rádio Vaticano –, o Papa convidou os protagonistas da política, da economia e da comunicação social a promoverem uma cultura de respeito pela vida. Ele pediu que se promovam condições favoráveis e redes de apoio ao acolhimento e desenvolvimento da vida.
“Há correntes culturais que procuram anestesiar as consciências com motivações enganadoras”, afirmou Bento XVI, sublinhando que o embrião no ventre materno “não é um amontoado de material biológico”, mas um “novo ser vivo”.O Papa ressaltou os problemas que afetam as crianças após o nascimento, como abandono, fome, miséria, doença, abusos, violência e exploração.
"As muitas violações dos direitos das crianças que se comentem no mundo ferem dolorosamente a consciência de toda pessoa de boa vontade."
O Papa pediu o respeito, a defesa, o amor e o serviço pela vida, “toda vida humana”. Somente neste caminho se encontrarão “justiça, desenvolvimento, verdadeira liberdade, paz e felicidade”, disse.
A vigília pela vida do nascituro marcou também a conclusão do Congresso Internacional da Família promovido pelo Pontifício Conselho para a Família, evento que abordou o tema da família como sujeito ativo na pastoral e no anúncio missionário.

Fonte: Zenit.

sábado, 27 de novembro de 2010

PRIMEIRO DOMINGO DO ADVENTO

“Portanto, fiquem vigiando!”
(Mt. 24,37-44)

Neste primeiro Domingo do novo Ano Litúrgico, na preparação para o Natal, o texto se situa dentro do chamado “Discurso Apocalíptico” de Mateus, que se inicia em 24, 1 e termina em 25, 46. Estes versículos (começando em v. 32) respondem à pergunta feita a Jesus pelos discípulos em v. 3: “Dize-nos quando vai ser isso, e qual será o sinal da tua vinda e do fim do mundo?” Jesus não se detém em explicitar datas; mas, enfatiza a atitude de vida que deve marcar os seus seguidores sempre, e não somente quando acham que o fim do mundo se aproxima. Neste discurso, Ele descarta qualquer marcação da data, afirmando num versículo anterior “quanto a esse dia e hora, ninguém sabe nada, nem os anjos do céu, nem o Filho. Somente o Pai é quem sabe” (v. 36).Jesus usa imagens da história de Noé. As pessoas daquela época se preocuparam com nada, nada perceberam - em nossos termos hoje, poderíamos dizer que eles não souberam ler “os sinais dos tempos”. Por isso, foram pegas de surpresa, perderam a hora da graça, e se perderam.Sem levar a história ao pé-da-letra, podemos muito bem aplicar a mensagem à nossa situação atual. A Igreja sempre nos conclama para que leiamos “os sinais dos tempos”. Um sinal aponta para uma realidade mais profunda! Não basta ficarmos somente com o sinal; temos que descobrir a realidade subjacente a qual ele aponta.Hoje não nos faltam sinais dos tempos - a miséria de milhões dos nossos irmãos e irmãs espalhados pelo mundo inteiro, o terrorismo individual e estatal, a exclusão social, a violência de todo tipo, a globalização excludente, a urbanização, a secularização, o aumento de fundamentalismo religioso. Também tem muitos sinais positivos - as comunidades de base, os movimentos populares, a consciência ecológica, a luta contra racismo e por novas relações de gênero. O problema é estar atento aos sinais e saber interpretá-los! Pois muitos sinais podem ser ambíguos, e temos que ter clareza sobre os nossos critérios de interpretação da realidade.O nosso critério sempre será Jesus - a sua pessoa e o seu projeto de fidelidade com a vontade do Pai. Os sinais têm que passar pelo crivo da fidelidade a Jesus, que veio ‘para que todos tenham a vida e a tenham em plenitude” (Jo 10, 10). Devem ser comparados e contrastados com a nossa medida, que é a prática de Jesus, em favor da vida e especialmente dos excluídos e oprimidos.Assim, somos convidados hoje à vigilância (v. 42). Essa deve ser uma característica do cristão e da comunidade cristã. Vigiemos para que a nossa casa - a nossa consciência, a nossa comunidade, a nossa prática - não seja invadida por quem quer o mal, que traz projeto da morte. Vivendo como somos, num mudo imerso nos valores e contravalores de uma sociedade de consumo, cujo Deus é o lucro e cujo evangelho a competitividade, é fácil acontecer que a gente absorva esses critérios como por osmose, sem notar. Assim o “ladrão” entra na nossa casa por falta da vigilância, para subtrair os nosso bens - a fraternidade, a solidariedade, a partilha, a nossa fidelidade à pratica de Jesus, o projeto do Reino, a integridade do universo criado. Assim, quando Jesus, o Filho do Homem, vem nas realidades da nossa vida, nem O reconhecemos, e perdemos a hora da graça!O texto não nos remete primeiramente a uma preparação de um encontro com Jesus depois da morte, nem na sua Segunda Vinda, mas nos convida à uma vigilância hoje, para que saibamos encontrá-Lo através de uma leitura correta dos “sinais dos tempos”, vigilantes para que não percamos a nossa razão de ser como cristãos - a concretização do Projeto do Pai, na construção de um mundo solidário, de fraternidade, partilha paz e justiça, o mundo do “Shalom” de Deus.O Advento é tempo oportuno para que examinemos a nossa vida para descobrir se realmente estamos atentos o tempo todo, para não perdermos as manifestações da presença de Jesus no meio de nós. É tempo de nos dedicarmos mais à oração, para renovarmos as nossas forças, para não cairmos na armadilha da “desatenção” no meio das preocupações e barulho do mundo moderno, para que os nossos corações continuem “sensíveis” aos apelos do Senhor, através dos irmãos, no nosso dia-a-dia!
Fonte: Tomas Hughes, SVD.
Neste primeiro Domingo do novo Ano Litúrgico, na preparação para o Natal, o texto se situa dentro do chamado “Discurso Apocalíptico” de Mateus, que se inicia em 24, 1 e termina em 25, 46. Estes versículos (começando em v. 32) respondem à pergunta feita a Jesus pelos discípulos em v. 3: “Dize-nos quando vai ser isso, e qual será o sinal da tua vinda e do fim do mundo?” Jesus não se detém em explicitar datas; mas, enfatiza a atitude de vida que deve marcar os seus seguidores sempre, e não somente quando acham que o fim do mundo se aproxima. Neste discurso, Ele descarta qualquer marcação da data, afirmando num versículo anterior “quanto a esse dia e hora, ninguém sabe nada, nem os anjos do céu, nem o Filho. Somente o Pai é quem sabe” (v. 36).Jesus usa imagens da história de Noé. As pessoas daquela época se preocuparam com nada, nada perceberam - em nossos termos hoje, poderíamos dizer que eles não souberam ler “os sinais dos tempos”. Por isso, foram pegas de surpresa, perderam a hora da graça, e se perderam.Sem levar a história ao pé-da-letra, podemos muito bem aplicar a mensagem à nossa situação atual. A Igreja sempre nos conclama para que leiamos “os sinais dos tempos”. Um sinal aponta para uma realidade mais profunda! Não basta ficarmos somente com o sinal; temos que descobrir a realidade subjacente a qual ele aponta.Hoje não nos faltam sinais dos tempos - a miséria de milhões dos nossos irmãos e irmãs espalhados pelo mundo inteiro, o terrorismo individual e estatal, a exclusão social, a violência de todo tipo, a globalização excludente, a urbanização, a secularização, o aumento de fundamentalismo religioso. Também tem muitos sinais positivos - as comunidades de base, os movimentos populares, a consciência ecológica, a luta contra racismo e por novas relações de gênero. O problema é estar atento aos sinais e saber interpretá-los! Pois muitos sinais podem ser ambíguos, e temos que ter clareza sobre os nossos critérios de interpretação da realidade.O nosso critério sempre será Jesus - a sua pessoa e o seu projeto de fidelidade com a vontade do Pai. Os sinais têm que passar pelo crivo da fidelidade a Jesus, que veio ‘para que todos tenham a vida e a tenham em plenitude” (Jo 10, 10). Devem ser comparados e contrastados com a nossa medida, que é a prática de Jesus, em favor da vida e especialmente dos excluídos e oprimidos.Assim, somos convidados hoje à vigilância (v. 42). Essa deve ser uma característica do cristão e da comunidade cristã. Vigiemos para que a nossa casa - a nossa consciência, a nossa comunidade, a nossa prática - não seja invadida por quem quer o mal, que traz projeto da morte. Vivendo como somos, num mudo imerso nos valores e contravalores de uma sociedade de consumo, cujo Deus é o lucro e cujo evangelho a competitividade, é fácil acontecer que a gente absorva esses critérios como por osmose, sem notar. Assim o “ladrão” entra na nossa casa por falta da vigilância, para subtrair os nosso bens - a fraternidade, a solidariedade, a partilha, a nossa fidelidade à pratica de Jesus, o projeto do Reino, a integridade do universo criado. Assim, quando Jesus, o Filho do Homem, vem nas realidades da nossa vida, nem O reconhecemos, e perdemos a hora da graça!O texto não nos remete primeiramente a uma preparação de um encontro com Jesus depois da morte, nem na sua Segunda Vinda, mas nos convida à uma vigilância hoje, para que saibamos encontrá-Lo através de uma leitura correta dos “sinais dos tempos”, vigilantes para que não percamos a nossa razão de ser como cristãos - a concretização do Projeto do Pai, na construção de um mundo solidário, de fraternidade, partilha paz e justiça, o mundo do “Shalom” de Deus.O Advento é tempo oportuno para que examinemos a nossa vida para descobrir se realmente estamos atentos o tempo todo, para não perdermos as manifestações da presença de Jesus no meio de nós. É tempo de nos dedicarmos mais à oração, para renovarmos as nossas forças, para não cairmos na armadilha da “desatenção” no meio das preocupações e barulho do mundo moderno, para que os nossos corações continuem “sensíveis” aos apelos do Senhor, através dos irmãos, no nosso dia-a-dia!

Fonte: Tomas Hughes, SVD.

Pastoral da família: troca de experiências de todo o mundo

O cardeal Ennio Antonelli abriu nesta quinta-feira pela manhã em Roma o congresso internacional promovido pelo Conselho Pontifício para a Família, que ele preside, sobre o tema da família no coração das ações pastorais específicas, evento que encerra neste sábado.
“A família cristã – disse o cardeal – tem sido sempre a primeira via de transmissão da fé e ainda hoje tem grandes possibilidades de evangelização”.
O Conselho Pontifício recebeu dos bispos de todo mundo 187 relatos de experiências pastorais e escolheu 66, apresentados aos 200 participantes no congresso.
Deseja-se “ativar um processo com continuidade no tempo” de compilação e colocação em circulação destas experiências, após o necessário discernimento para “inspirar e estimular novas experiências”, disse o cardeal.
Segundo o presidente do dicastério explicou, Bento XVI alentou esse trabalho já que as experiências “são mais convincentes que as ideias”, porque estas “não indicam só o que se há de fazer, mas também o que se pode fazer, com a ajuda de Deus”.
Famílias de diferentes horizontes e movimentos eclesiais estão dando seus testemunhos durante o congresso.
Mas o cardeal Antonelli não deseja que se trate só de dar exemplos de “bons cristãos”, mas também de indicar “o bom uso da liberdade humana”, quando “se acolhe a graça divina”. Não se trata só do “amor cristão”, mas do “próprio amor de Cristo, acolhido e manifestado a todos”.
Para o exercício desta “responsabilidade” das famílias, o cardeal Antonelli recomenda uma “pastoral da verdade” centrada na “importância e na beleza do anúncio cristão”, uma pastoral da “santidade”.
Há que formar as pessoas e comunidades, acrescenta o cardeal Antonelli, para que não se contentem com “uma vida medíocre, sinal de uma ética minimalista e de uma religiosidade superficial”.
Trata-se de uma “pastoral da misericórdia”, feita de abertura ao diálogo, da promoção do desenvolvimento integral da pessoa humana, dos direitos humanos, da família, da sociedade bem ordenada, até a elaboração de formas concretas de compromisso social.

Fonte: Zenit.

República Dominicana: jovens respondem à chamada vocacional

347 jovens responderam a uma chamada vocacional lançada no último dia 14 de novembro em Santo Domingo. Os quase sete mil jovens estavam reunidos na capital do país em um dos encontros organizados pelo Caminho Neocatecumenal como preparação para a próxima Jornada Mundial da Juventude.
O arcebispo de Santo Domingo, cardeal Nicolás de Jesús López Rodríguez, e a equipe de catequistas do Caminho Neocatecumenal na República Dominicana guiaram o encontro.
O evento começou com a celebração das vésperas e uma catequese sobre o Livro do Apocalipse. Depois foi entronizada a Virgem de Altagraça e mais de quarenta sacerdotes – entre eles o responsável pelo Caminho Neocatecumenal, Pe. Alonso Gómez Fernández e Dom Nicolás – estiveram confessando os jovens.
Na mesma noite, os jovens participaram de vários grupos de adoração ao Santíssimo Sacramento e rezaram por suas necessidades, as do país e as da Igreja universal.
A Missa foi concelebrada pelo cardeal López Rodríguez; o núncio vaticano Jozef Wesolowsky; o bispo de Baní, Dom Freddy Bretón, e vinte e quatro sacerdotes
Durante a celebração, lançou-se um apelo vocacional à vida sacerdotal e religiosa ou consagrada.
O reitor do Seminário Arquidiocesano Missionário Redemptoris Mater de Santo Domingo, Pe. Salvador, animou os jovens a aceitar alegres o chamado a dedicar sua vida a Jesus Cristo através do sacerdócio.
Depois de um minuto de silêncio e meditação, convidou-se quem sentira esse chamado a dedicar-se à vida sacerdotal a levantar-se. 153 jovens foram ao altar. Neste momento, os bispos rezaram por eles e lhes impuseram as mãos.
Convidaram-se então as jovens que escutaram o chamado a subir ao altar. 194 mulheres responderam.
A assembléia aplaudiu e rezou para que os jovens perseverem e se convertam em servidores fiéis de Deus.

Fonte: Zenit.

Igreja na Colômbia atende vítimas das tempestades

Bento XVI enviou, no último domingo, uma mensagem aos danificados pelas chuvas na Colômbia. Ele assegurou sentir-se “próximo aos afetados” desejando que “os apelos à solidariedade sejam escutados”. O Papa declarou-se unido aos que “vivem horas de tribulação e angústia” e uniu-se aos que rezam pelas vítimas.
A Igreja da Colômbia colabora com outros organismos nacionais e internacionais para chegar a regiões de difícil acesso que foram atingidas pelos temporais.
As chuvas torrenciais registradas no país desde os inícios de 2010 são conseqüência do fenômeno “La Niña” (esfriamento das águas do Pacífico) e deixaram 136 mortos e mais de 1 milhão de afetados até quarta-feira. O alerta amarelo em Bogotá é a última consequência da pior temporada de chuvas no país sul-americano nas últimas três décadas.
Uma das regiões mais afetadas é Sucre, onde 250.000 habitantes foram atingidos pelas inundações. O pároco de Sucre, Eduardo Arce, que celebrou a Eucaristia num altar improvisado num refeitório comunitário, declarou que só lhes resta pedir ajuda diretamente ao presidente Juan Manuel Santos para sair da terrível situação.
O temporal afetou mais de 500 municípios, em 28 estados. A região de Caribe foi a mais atingida, registrando a maioria dos danificados em Bolívar, Magdalena, Córdoba e Sucre. Nos últimos dias, as chuvas causaram estragos nos Estados de Chocó, Antioquia e Cundinamarca, com mais de dez mil afetados.
Cáritas Colombiana (CC), integrada no Secretariado Nacional de Pastoral Social (SNPS) da Igreja na Colômbia, há tempos advertia sobre a chegada da temporada de chuvas e da necessidade de colocar em marcha serviços de emergência. As previsões foram superadas pelo fenómeno “La Niña” de 2010, cujos efeitos se estenderão a 2011.
Relatório da Igreja na Colômbia observa que o total das famílias afetadas é de mais de 300 mil, o que se traduz em mais de 1,6 milhão de pessoas: são mais de duas mil casas destruídas; cerca de duzentas mil danificadas, mais de trezentas estradas afetadas e mais de 67 mil hectares inundados.

Fonte: Zenit.

“Se a Europa se envergonhar do Cristianismo, não terá futuro”

“É preciso abandonar a neutralidade que a Europa tem adotado sem posicionar-se a favor de si mesma e de sua história”, disse Dom Rino Fisichella, durante uma intervenção à COMECE (Comissão de Episcopados da União Europeia).
Dom Fisichella, presidente do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização, participou, na quarta-feira à noite, da mesa redonda inaugural da plenária da COMECE, organismo que está cumprindo 30 anos de atuação.
Em sua intervenção, o prelado observou a importância de voltar a propor a fé cristã à Europa, não somente como parte de seu passado mas também de seu futuro.
“Nenhum de nós deveria cair na armadilha de pensar na união da Europa esquecendo que suas raízes nascem na fé que alimenta durante séculos a convivência e o progresso de povos diferentes”.
Os europeus “não têm uma língua só, e temos tradições culturais e jurídicas distintas; entretanto, nosso denominador comum é facilmente identificável no Cristianismo”.
Por isso, que ninguém crie ilusões sobre o futuro: não haverá uma Europa realmente unida prescindindo do que ela tem sido. Não será possível impor a cidadãos tão distintos um sentimento de pertença a uma realidade sem raízes e sem alma”.
O prelado insistiu em que “somente uma forte identidade compartilhada poderá erradicar formas de fundamentalismo e de extremismo”.
“Se a Europa se envergonhar do que tem sido, das raízes que a sustentam e da identidade cristã que ainda a modela, não terá futuro. A conclusão poderá ser somente a de um ocaso irreversível.”
“Se a política não for capaz de um salto de qualidade que leve a encontrar um sistema de valores de referência que vá mais além da imposição ideológica, a contribuição à construção da Europa se verá comprometida”.
Entretanto, o prelado observou que, longe de buscar soluções, a Europa continua caminhando em direção a seu próprio colapso, com leis e medidas que vão contra seus próprios valores.
É necessário, afirmou, apoiar novamente a família, “se não se fizer isso por convicção, pelo menos por cálculo econômico”, para “evitar a decadência da responsabilidade social que se comprova constantemente”.
Outro desafio importante é a defesa da vida humana desde o instante de sua concepção até sua conclusão natural.
Dom Fisichella afirmou que vê no horizonte “a exigência de criar um modelo de humanismo capaz de realizar a síntese necessária entre o que é fruto da conquista dos séculos precedentes e a sensibilidade com a que interpretamos nosso presente”.
“Nós, os católicos, não nos subtrairemos à responsabilidade e não aceitaremos ser marginalizados. Estamos convencidos, de fato, de que nossa presença é essencial para que o processo em curso chegue a bom termo”.
Sem a presença significativa dos católicos, afirma, “a Europa seria em todo caso mais pobre, mais isolada e menos atrativa”.

Fonte: Zenit.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Iraque e Paquistão: clamor pela liberdade religiosa

O escritor francês René Guitton lançou hoje, em Roma, um convite pela defesa da liberdade religiosa, mas "não somente aos fiéis da própria religião", disse. O autor do livro "Cristianofobia" participou da apresentação do "Relatório 2010 sobre a Liberdade Religiosa no Mundo". O livro trata do êxodo dos cristãos dos países árabes.

"Não podemos entrar no mesmo jogo dos perseguidores", expressou Guitton. E acrescentou que "também não é lícito pensar numa ‘Europa cristã' somente com o objetivo de enfrentar a cultura oriental muçulmana".

O escritor manifestou sua preocupação pela "equiparação que algumas vezes os extremistas fazem entre os cristãos do Oriente e Ocidente" e disse que isso se deve "à história passada e recente do colonialismo e de algumas provocações efetivas no campo econômico".

Clamor pelo Iraque

Guitton referiu-se aos cristãos no Iraque, país onde cada vez é mais difícil professar a fé publicamente, por causa das "conversões forçadas, descriminações, atentados e massacres".

"Devemos agir e lutar contra todas estas perseguições", afirmou. A comunidade cristã do Iraque está "em perigo de extinção", "submetida a uma agressão terrorista sistemática que declara abertamente o objetivo de eliminar a presença cristã do país", uma presença milenar que, "ainda que seja uma minoria cada vez mais encolhida, quer permanecer".

Guitton exemplificou também o caso da Turquia, onde há 100 anos os cristãos representavam 20% do país e hoje são apenas uns 2%. "É necessário que possam permanecer lá."

Paquistão, a caminho do Islamismo

O bispo de Faisalabad e vice-presidente da Conferência Episcopal Paquistanesa, Dom Joseph Coutts, também esteve presente na apresentação do relatório da AIS.

O prelado se referiu ao recente caso de Asia Bibi, a mulher paquistanesa condenada à morte por blasfêmia e que foi libertada esta semana, depois de receber clemência do presidente Asif Ali Zardari. Disse que há muitos casos como este, mas que ela "é a primeira mulher a ser condenada por blasfêmia"; e explicou que "o problema não é tanto a lei, mas sua aplicação".

Dom Coutts denunciou a incriminação de 993 pessoas pela profanação do Alcorão e pela difamação do profeta Maomé. Entre elas, 479 eram muçulmanos, 340 da seita ahmadi (que o governo não reconhece como muçulmana), 120 cristãos, 14 hindus e 10 de outros credos.

"Basta acusar alguém, inclusive injustamente, de ter blasfemado contra o Alcorão ou contra o profeta para causar-lhe enormes problemas; é muito difícil demonstrar depois a inocência", denunciou o bispo.

Fonte: Zenit.

Bispos da Coreia do Sul afirmam que guerra só traz miséria

Os bispos da Coreia do Sul convidaram os dois países a não sucumbir à espiral da violência. Separadas pelo paralelo 38 desde 1948, após os acontecimentos da 2ª Guerra Mundial, as duas Coreias vivem momentos diametralmente opostos.

A tensão entre as Coreias do Norte e do Sul, que tecnicamente permanecem em guerra, tem gerado confrontos militares ocasionais desde a assinatura de um cessar-fogo em 1953. No mais recente conflito, a Coreia do Norte disparou bombas de artilharia contra a ilha de Yeonpyeong, atingindo uma base militar sul-coreana e incendiando casas. Dois soldados morreram e 20 pessoas ficam feridas. A Coreia do Sul diz que conduzia exercícios militares antes do lançamento das bombas, mas insiste em que os disparos não estavam dirigidos à Coreia do Norte.

No campo da liberdade religiosa, enquanto no Norte o culto ao líder se converteu quase numa religião, a democracia consolidada no Sul é constitucionalmente neutra e não há registros de ameaças à liberdade de culto.

Segundo o relatório sobre o tema, apresentado pela organização Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) na terça-feira, em Madri, 43,1% da população do Sul é cristã.

"Oramos para que a situação política não piore e não se converta num conflito aberto. Pedimos ao Senhor que conceda aos dirigentes e a todos nós a força e a luz para superar esta crise", declarou o presidente da Conferência Episcopal sul-coreana, Cheju Peter Kang U-il, à agência Fides.

Os prelados sul-coreanos lançam um apelo aos governos do Sul e do Norte para que se reúnam e busquem o caminho do diálogo.

O bispo disse que o governo da Coreia do Sul ainda não sabe as razões do ataque à ilha de Yeonpyeong, que aumentou a tensão na península coreana, e o atribuiu a "razões de tática política". Para o bispo, poderia ser "uma maneira de desviar a atenção dos dramáticos problemas internos".

"Da escassa informação que recebemos sobre o Norte - explicou -, sabemos que a situação econômica é muito difícil e se sofre fome e miséria."

"Mas estou certo de que os líderes do Norte sabem que a guerra não conduz a lugar algum, que é somente uma catástrofe que provoca sofrimento aos civis. É uma possibilidade que devemos evitar por todos os meios."

O bispo instou a comunidade internacional a intervir e envolver a China no processo, já que "que tem um grande poder de influência sobre a Coreia do Norte". O prelado pediu as orações da Igreja universal.

Fonte: Zenit.

Santa Sé estuda excomungar bispo consagrado na China ilicitamente

No último sábado, dia 20, a Associação Católica Patriótica - a Igreja Católica considerada "oficial" na China e controlada pelo governo - ordenou um bispo, Joseph Guo Jincai, sem a aprovação do Papa. Além disso, obrigou 8 bispos legítimos - em comunhão com a Igreja de Roma e com o Papa - a participarem da cerimônia de ordenação. Tudo isso, não obstante os prévios protestos da Santa Sé.

A Santa Sé emitiu uma nota sobre o assunto afirmando que o Santo Padre recebeu a notícia com profunda consternação, uma vez que tal ordenação episcopal foi conferida sem o mandato apostólico e, portanto, representa uma "dolorosa ferida" para a comunhão eclesial, além de uma grave violação da disciplina católica.

A Santa Sé se reserva o direito de avaliar profundamente o ocorrido, entre outras coisas, do ponto de vista da validez e no que diz respeito à posição canônica dos bispos envolvidos.

"Sabe-se que, nos últimos dias, diversos bispos foram submetidos a pressões e a restrições da própria liberdade de movimento, com o objetivo de forçá-los a participarem e a conferirem a ordenação episcopal. Tais constrições perpetradas pelas autoridades governamentais e de segurança chinesas constituem uma grave violação da liberdade de religião e de consciência", manifesta a Santa Sé no comunicado.

De qualquer forma, precisa a nota, com esta ordenação ilegítima, tanto o Pe. Guo Jincai como os bispos que participaram da cerimônia poderiam incorrer na pena de excomunhão, com base no cânone 1382 do Código do Direito Canônico.

Este cânone afirma que "o bispo que confere a alguém a consagração episcopal sem mandato pontifício, assim como o que recebe a consagração, incorre em excomunhão latae sententiae, reservada à Sé Apostólica".

No comunicado, a Santa Sé informa: "Isso repercute dolorosamente, em primeiro lugar, sobre o Reverendo Joseph Guo Jincai, que, em razão dessa ordenação episcopal, encontra-se numa gravíssima condição canônica diante da Igreja na China e da Igreja Universal, expondo-se também às graves sanções previstas".

E mais adiante: "Tal ordenação não é benéfica para os católicos de Chengde; antes, coloca-os numa situação delicada e difícil, também do ponto de vista canônico, e os humilha, porque as autoridades civis chinesas querem impor a eles um pastor que não está em plena comunhão com o Santo Padre e com os demais bispos espalhados por todo o mundo.

Diálogo difícil

O comunicado lamenta, sobretudo, o fato de que esta decisão "unilateral" das autoridades chinesas tenha cortado o diálogo que, à custa de grande esforço, realizava-se com o fim de "superar as dificuldades e normalizar as relações":

"O Papa Bento XVI, em sua Carta à Igreja na China, datada de 2007, manifesta a disponibilidade da Santa Sé a um diálogo respeitoso e construtivo com as autoridades da República Popular da China, com o objetivo de superar as dificuldades e normalizar as relações (n. 4). Ao reafirmar tal disponibilidade, a Santa Sé constata, com grande tristeza, que as autoridades deixam que a gestão da Associação Católica Patriótica Chinesa - sob a influência do senhor Liu Bainian - assuma atitudes que ferem gravemente a Igreja Católica e impedem a realização do mencionado diálogo."


Fonte: Zenit.

Papa preside exéquias do cardeal Navarrete, “mestre da justiça”

"Mestre da justiça": assim se referiu o Papa Bento XVI, durante as exéquias do cardeal espanhol Urbano Navarrete, celebradas na Basílica do Vaticano pelo Decano do Colégio Cardinalício, cardeal Angelo Sodano. Após a Missa, o Papa presidiu o rito da Última Encomendação e Despedida do purpurado, que morreu na segunda-feira passada, aos 90 anos.

Urbano Navarrete faleceu após "uma longa e fecunda peregrinação terrena", disse o Papa, com emoção e gratidão, falando sobre o perfil do cardeal.

Bento XVI desejou que a fé do purpurado jesuíta, considerado um dos maiores especialistas em Direito Canônico do século XX, "se converta em visão, encontro face a face com Deus, em cujo amor ele soube reconhecer e buscar o cumprimento de toda lei".

"O estudo meticuloso e o ensino apaixonado do Direito Canônico representaram elementos centrais na sua vida. Educar especialmente as jovens gerações na verdadeira justiça, a de Cristo, a do Evangelho: eis o ministério que o cardeal Navarrete desempenhou ao longo de toda a sua vida", disse o Santo Padre.

"Ele pertence, assim queremos crer, ao grupo daqueles que gastaram sem reserva a sua existência pelo Reino de Deus e, por isso, confiamos que seu nome está agora escrito no ‘livro da vida'", acrescentou o Papa, que criou o Pe. Navarrete cardeal no dia 24 de novembro de 2007.

Urbano Navarrete Cortés nasceu Camarena de la Sierra, Teruel, a 25 de maio de 1920. Foi ordenado sacerdote em 31 de maio de 1952, no Congresso Eucarístico Internacional de Barcelona.

"Especialista em direito matrimonial - recordou o Papa -, decano da Faculdade de Direito Canônico da Pontifícia Universidade Gregoriana, depois reitor da mesma universidade, contribuiu na revisão do Código de Direito Canônico e foi consultor de vários organismos da Cúria Romana, além de testemunha de acontecimentos históricos, como o Sínodo Diocesano de Roma e o Concílio Vaticano II."

Em maio de 1994, foi investido doutor Honoris Causa pela Faculdade de Direito Canônico da Universidade Pontifícia de Salamanca.

No final da exortação, Bento XVI revelou que "três princípios básicos sempre inspiraram a sua vida como estudioso: muito amor pelo passado, sensibilidade diante dos problemas, exigências e desafios do presente, e capacidade de abrir-se ao futuro sem medo, mas com esperança, a que provém da fé", concluiu o Papa.

Fonte: Zenit.

Vigília pela vida: aprofundar a consciência, diz cardeal

O Patriarca de Lisboa, Dom José Policarpo, considera que a “vigília pela vida nascente”, convocada pelo Papa para este sábado, recorda a importância fundamental da Igreja atuar no campo da defesa da vida.

Em declarações disponibilizadas no Youtube, o cardeal Policarpo assinala que a vigília mundial “é uma forma de aprofundar, através da oração, a consciência dos católicos para o mistério da vida e para a responsabilidade que ela envolve”.

“É um convite para vermos em Cristo, o Verbo Encarnado, como a verdadeira fonte da vida”, afirma o purpurado, que convidou toda a diocese a participar do evento.

Segundo o Patriarca, a vida é hoje “muita ameaçada, em vários setores”. Ele assinala como exemplos a dificuldade de acolher e respeitar a vida gerada, a violência doméstica ou sobre as crianças e a pena de morte.


Fonte: Zenit.

Cardeal Tauran visita Paquistão em plena polêmica por Asia Bibi

O cardeal Jean-Louis Tauran, presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-Religioso, está visitando hoje o Paquistão, em uma viagem programada há algum tempo, mas que, no entanto, acontece em plena polêmica pelo caso de Asia Bibi, condenada à forca por supostamente "blasfemar" contra Maomé.

A agência vaticana Fides comunica a informação e sublinha a coincidência da visita com a difícil situação civil e política provocada a partir da condenação e do posterior anúncio de insulto por parte do presidente do país, Asif Alí Zardari.

"A visita do cardeal Jean-Luis Tauran representa um grande incentivo para os cristãos do Paquistão: ele chega em um momento difícil, no qual se registram crescentes tensões sociais e religiosas, pelo caso de Asia Bibi e por outras razões", afirma Dom Lawrence Saldanha, arcebispo de Lahore e presidente da Conferência Episcopal do Paquistão, em declarações a Fides.

O prelado demonstra sua preocupação "pelo clima de crescente intolerância. A tensão se elevou, acontecem manifestações constantes de grupos islâmicos radicais que querem intensificar a polarização social e religiosa".

"Esperamos que a visita do cardeal Tauran possa servir para serenar as pessoas e contribuir para a solução do caso de Asia Bibi", afirma Dom Saldanha.

A Igreja pede que, ao invés de conceder-lhe o indulto (o que supõe a admissão de culpabilidade), Asia Bibi seja julgada novamente para demonstrar sua inocência. "É a única forma de fazer que os protestos parem", explica o prelado.

Os cristãos pedem também a derrogação - ou, pelo menos, a revisão - da lei antiblasfêmia, que castiga com severíssimas penas qualquer ofensa ao Islã e que está provocando abusos e discriminações contra os cristãos. Pede-se, entre outras coisas, a exigência de provas mais concluintes para demonstrar a culpabilidade do acusado.

Está previsto que o cardeal Tauran se encontre hoje com as autoridades civis e religiosas do país, entre elas o ministro para as Minorias Religiosas, Shahbaz Bhatti, e o próprio presidente do país, Zardari.

Entre hoje e amanhã, o prelado tem vários encontros programados com as comunidades e bispos católicos do Paquistão, além de um encontro inter-religioso.

Fonte: Zenit.

Papa reza por sua colaboradora falecida em acidente de tráfego

Bento XVI lamentou o falecimento de sua colaboradora Manuela Camagni, após ser atropelada por um carro, ontem à noite, na Via Nomentana de Roma.

"O Santo Padre foi informado sobre o triste evento antes da celebração da Santa Missa matutina e elevou pela defunta sua oração de sufrágio", informou a Rádio Vaticano.

Manuela Camagni, de 56 anos, era uma das quatro Memores Domini - mulheres consagradas no mundo pertencentes ao movimento Comunhão e Libertação - responsáveis pela manutenção do apartamento pontifício.

Camagni se ocupava especialmente dos apartamentos dos secretários de Bento XVI, Georg Gänswein e Alfred Xuereb, e do armazém de uma modalidade de banco de alimentos constituído por doações realizadas ao Papa.

As Memores Domini, os dois secretários e o ajudante pessoal do Papa formam uma "família" que compartilha as refeições com Bento XVI quando ele não tem convidados.

Antes de entrar para o serviço de Bento XVI, Manuela Camagni trabalhou para o então arcebispo da Tunísia, Dom Fouad Twal, atualmente patriarca latino de Jerusalém.

O acidente aconteceu depois de um jantar com amigos. O motorista socorreu a colaboradora do Papa, que faleceu na Policlínica Umberto I, apesar de terem realizado uma cirurgia de emergência em sua cabeça.

O prefeito de Roma, M. Gianni Alemanno, expressou seus pêsames à comunidade, assim como seu compromisso de medidas para garantir mais segurança nesse grande eixo de Roma.

Fonte: Zenit.

“Regra beneditina” para os católicos contida em “Luz do mundo”

No último parágrafo de “Luz do Mundo”, Bento XVI define um objetivo: “que cheguemos a ser capazes de Deus e, assim, possamos entrar na vida autêntica, na vida eterna”.

O livro-entrevista apresentado nessa terça-feira no Vaticano aponta para essa meta e está repleto de indicações, conselhos e referências a objetivos para alcançá-la.

A palavra “tarefa” aparece em várias ocasiões. Através de suas respostas a mais de duzentas perguntas de diversos temas, o Papa oferece um itinerário aos leitores e indica uma espécie de “regra beneditina”, um verdadeiro programa para os católicos de hoje.

O autor da entrevista, o jornalista alemão Peter Seewald, explica no prefácio do livro que, para o Papa, “a tarefa é mostrar às pessoas Deus e dizer-lhes a verdade”.

Neste sentido, o pontífice explica que “hoje o importante é que se veja de novo que Deus existe, que Deus nos incumbe e que Ele nos responde”. Segundo o Papa, é preciso dar prioridade à “pergunta sobre Deus”.

Igreja

O bispo de Roma explica qual é a incumbência da Igreja: “a tarefa não é elaborar algum produto ou ter êxito na venda de mercadorias. A tarefa consiste, em contrapartida, em viver exemplarmente a fé, anunciá-la e, ao mesmo tempo, manter esta mesma comunidade de aderentes voluntários, que se estende através de todas as culturas, nações e tempos e não se baseia em interesses externos, mas em uma relação interior com Cristo e, desse modo, com Deus”.

Liturgia

Sobre isso, explica que “os âmbitos da liturgia são âmbitos de refúgio. Mas também nas diferentes comunidades e movimentos, nas paróquias, nas celebrações dos sacramentos, nas práticas de piedade, nas peregrinações, etc, a Igreja tenta oferecer defesas e desenvolver também refúgios em que, em contraposição a tudo de despedaçado que nos cerca, faça-se brilhar novamente a beleza do mundo e a possibilidade de viver”.

A respeito da liturgia, o Papa indica que “o que importa é que a palavra de Deus e a realidade do sacramento estejam no centro (...), e que a liturgia não se converta em uma apresentação de nós mesmos”.

Tarefas do cristão

“Ser cristão não deve se converter em algo assim como um estrato arcaico que de alguma maneira retenho e que vive em certa medida de forma paralela à modernidade – adverte o Papa –. Ser cristão em si mesmo é algo vivo, algo moderno, que configura e molda toda minha modernidade.”

“O importante é que tentemos viver e pensar o cristianismo de tal maneira que assuma em si a boa, correta modernidade, e que ao mesmo tempo se afaste e distinga do que se converteu em contrarreligião”, resume.

“Onde a fé tem de fazer próprias as formas e figuras da modernidade e onde tem de oferecer resistência? Esta grande luta atravessa hoje o mundo inteiro”, assinala, convidando à reflexão.

“Temos de manifestar – e viver também – que a infinitude de que o homem necessita só pode provir de Deus – indica –. Que Deus é de primeira necessidade para que seja possível resistir às tribulações deste tempo.”

Como caminho para realizá-lo, o Papa indica que “devemos procurar dizer realmente a substância enquanto tal, mas dizê-la de forma nova”.

“Encontramo-nos realmente em uma era em que se faz necessária uma nova evangelização, em que o único Evangelho deve ser anunciado em sua imensa, permanente racionalidade e, ao mesmo tempo, em seu poder, que ultrapassa a racionalidade, para chegar novamente a nosso pensamento e nossa compreensão.”

“O progresso interior de tradução das grandes palavras para a imagem verbal e conceitual de nosso tempo está avançando, mas ainda não se alcançou realmente – observa –. E isso só se pode conseguir se os homens viverem o cristianismo a partir d’Aquele que virá.”

Entre os desafios do cristianismo, Bento XVI também destaca a importância de se opor a “uma pressão de intolerância que, primeiramente, o caricaturiza – como pertencente a um pensar equivocado, errôneo – e, depois, em nome de uma aparente racionalidade, quer tirar-lhe o espaço de que necessita para respirar.”

Segundo o Papa, trata-se de continuar assinalando a fé como centro “e de captar a dramaticidade do tempo, seguir sustentando nele a palavra de Deus como palavra decisiva e dar, ao mesmo tempo, ao cristianismo, aquela simplicidade e profundidade sem a qual não pode atuar”.

Presença pública

O Papa revela que “frequentemente as pessoas se perguntam como é que os cristãos, que são pessoalmente crentes, não possuem a força para fazer que sua fé tenha uma maior eficácia política”.

Ele indica que “sobretudo devemos tentar que os homens não percam de vista Deus. Que reconheçam o tesouro que possuem. E que, depois, partindo da força da própria fé, possam se confrontar com o secularismo”.

“Só podemos esperar que a força interior da fé, que está presente no homem, chegue a ser depois poderosa no campo público, moldando assim o pensamento no âmbito público e não deixando que a sociedade caia simplesmente no abismo”, acrescentou.

Para Bento XVI, “hoje há que consolidar, vitalizar e ampliar este cristianismo de decisão, de modo que haja mais pessoas que vivam e confessem de novo, de maneira consciente, sua fé”.

“Por outro lado, devemos reconhecer que não somos simplesmente idênticos à cultura e à nação enquanto tais, ainda que tenhamos a força para imprimir-lhes e indicar-lhes valores, que elas assumem ainda quando a maioria não seja crente cristã.”

O livro conclui com frases alentadoras do Papa sobre o que Deus tem preparado para cada um: “Realmente Ele veio para que conheçamos a verdade. Para que possamos tocar Deus. Para que nos esteja aberta a porta. Para que encontremos a vida, a vida real, a que já não está submetida à morte”.


Fonte: Zenit.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

200 milhões de cristãos são perseguidos no mundo

O Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo 2010, que a organização católica Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) apresenta bianualmente, revela que o número de cristãos perseguidos é de 200 milhões. Outros 150 milhões são descriminados por sua religião.
O relatório indica que na Europa os católicos não são perseguidos, mas sofrem bullying. A versão espanhola do relatório da organização católica foi apresentada ontem em Madri.
Desde o relatório anterior a situação não melhorou, de acordo com AIS, organização que ajuda cristãos em todo o mundo em projetos de apoio às igrejas locais como bolsas para sacerdotes, construção de igrejas, tradução de livros, etc.
A organização indica que a crescente tendência à perseguição e discriminação por motivos religiosos deve-se tanto à radicalização do mundo islâmico quanto à chamada “cristianofobia” e à facilidade com que se ridiculariza a Igreja em alguns países desenvolvidos.
Na apresentação do relatório, Javier Menéndez Ros, diretor da AIS na Espanha, e o missionário salesiano no Paquistão Miguel Ángel Ruiz, citaram o que Bento XVI disse na véspera da beatificação do cardeal John Newman: “No tempo de hoje, o preço a pagar pela fidelidade ao Evangelho já não é ser enforcado ou esquartejado, mas sim frequentemente significa ser excluído, ridicularizado, objeto de piada”.
A fé cristã é a mais difundida e também a mais perseguida. Como explicou Javier Menéndez, o número total é similar ao do relatório de dois anos atrás, ainda que os pesquisadores que participaram este ano do trabalho asseguram que a situação piorou para os cristãos.
O relatório analisa 194 países, com problemas em cerca de noventa, entre eles vários dos países mais populosos do mundo: China, Índia, Indonésia, Rússia e Paquistão. A piora da situação, segundo salienta Menéndez, deve-se especialmente a uma maior radicalização no âmbito muçulmano, com maior fanatismo, intolerâncias e abusos a praticantes de outras religiões.
Os países onde se produzem as maiores violações à liberdade religiosa são Arábia Saudita, Bangladesh, Egito, Índia, China, Uzbequistão, Eritreia, Nigéria, Vietnã, Iêmen e Coreia do Norte.
Menéndez salientou que “onde não existe liberdade religiosa não existe a liberdade democrática”, e sublinhou “a obrigação de qualquer ser humano de respeitar o direito ao culto, a evangelizar e a viver de acordo com sua fé”. No Egito, vige uma lei de liberdade religiosa, mas os cristãos sofrem discriminações e ataques, permitidos, segundo AIS, pelo governo de Hosni Mubarak.
O missionário salesiano Miguel Ángel Ruiz descreveu a situação no Paquistão. Ele explica que o terrorismo islâmico não afeta somente os cristãos, mas “todos que não pensam como os fundamentalistas”. “Se o terrorismo se centrasse somente nos cristãos, estaríamos muito pior agora”, afirmou.
Padre Ruiz considera que a perseguição só não é mais acirrada porque os meios de comunicação dão muita atenção aos ataques.
Em sua opinião, tanto Estados Unidos como Europa têm falhado muito: “Se a Europa, e especialmente a Espanha, não desperta, continuamos mal”, disse.

Fonte: Zenit.

Bispos nicaraguenses dialogam na Costa Rica sobre a disputa na fronteira

Em meio à polêmica atual sobre o limite da fronteira entre os dois países, chegou à Costa Rica uma representação dos bispos da Nicarágua para a Assembleia Anual do Secretariado Episcopal da América Central (SEDAC). A reunião será em Alajuela, Costa Rica, de 22 a 26 de novembro.
Em relação às recentes declarações dos episcopados dos dois países, os bispos visitantes propuseram à presidente da Costa Rica “trabalhar na demarcação limítrofe”, reavivando a comissão bilateral, enquanto que a Costa Rica solicitou a desmilitarização da zona, assegurando não ter aspirações sobre o rio São João.
Dom Leopoldo Brenes, arcebispo de Manágua e presidente da SEDAC, agradeceu o gesto da presidente costarriquenha ao aceitar receber todos os bispos centro-americanos.
O arcebispo nicaraguense insistiu na necessidade de “trabalhar na demarcação limítrofe, reavivando a comissão bilateral que existia há alguns anos entre Nicarágua e Costa Rica e que foi unilateralmente suspensa pela Costa Rica”.
Por sua parte, a presidente Laura Chinchilla agradeceu a vista dos bispos nicaraguenses e se referiu à homilia de Dom Brenes, no domingo passado na catedral de Manágua.
Chinchilla salientou que “a Costa Rica considera que é possível colocar um fim ao conflito com a negociação e o diálogo, desocupando os militares da região”.
E afirmou claramente que seu país não tem aspirações sobre o rio São João: “Sempre dissemos que o rio é nicaraguense”.
A presidente referiu-se aos nicaraguenses que estão na Costa Rica afirmando que “podem continuar vivendo e trabalhando tranquilamente em nosso país”.

Fonte: Zenit.

América: criar canais de esperança diante da AIDS

Uma resposta, que parte da fé, para a pandemia da AIDS, é a Oficina Latino-Americana "Canais de esperança: respondendo efetivamente à AIDS", do Departamento de Justiça e Solidariedade do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), realizada entre os dias 3-5 de novembro na capital colombiana.
Os responsáveis episcopais da Pastoral da Saúde e demais pessoas envolvidas nesta pastoral se dirigiram aos pastores e fiéis e a todas as pessoas de boa vontade para compartilhar suas reflexões, segundo informa a ZENIT o Pe. Enrique Quiroga, em nome dos organizadores.
Em um documento intitulado "Vai e faze tu a mesma coisa" (Lc 10,37), os agentes da pastoral constatam "a grande sensibilidade da Igreja latino-americana diante do desafio que representa a pandemia da AIDS na nossa época", patente nesta oficina.
Apesar dos grandes esforços realizados, descobriram que só existem trabalhos isolados para prevenir a pandemia. Afirmam ser conscientes de que a solução "não está somente nas mãos da Igreja Católica", razão pela qual se sentem chamados "a estabelecer alianças estratégicas de trabalho com outros organismos governamentais e não governamentais, assumir um trabalho ecumênico com outras igrejas e de diálogo com outros credos, para enfrentar este mal que fere tantas pessoas".
No documento, além de manifestar a necessidade de imitar o bom samaritano, afirmam sua sintonia com o documento de Aparecida, no qual se considera "de grande prioridade fomentar uma pastoral com pessoas que vivem com o HIV/AIDS, em seu amplo contexto e em seus significados pastorais: que promova o acompanhamento compreensivo, misericordioso e a defesa dos direitos das pessoas infectadas; que implemente a informação, promova a educação e a prevenção, com critérios éticos, principalmente entre as novas gerações, para que desperte a consciência de todos para conter a pandemia" (DA 421).
Além disso, propõem "viver a experiência de conversão pessoal, que nos leve a uma mudança de mentalidade, superando os preconceitos sociais e culturais que ainda existem" em relação à AIDS, a fim de "manifestar o amor misericordioso de Deus, expressado de modo sensível nas palavras, gestos e ações de Jesus Cristo".
Também buscarão motivar as conferências episcopais e dioceses, para que tenham uma organização específica de pastoral de acompanhamento às pessoas infectadas; abordar esta pastoral específica a partir do CELAM e das conferências episcopais de forma mais articulada e orgânica; sensibilizar, formar e fortalecer as capacidades de todos os agentes da pastoral no referente à AIDS: leigos, religiosos, diáconos, seminaristas, presbíteros e bispos.
Por último, envolver nesta pastoral as pessoas que vivem com o HIV; dar maior importância litúrgica e pastoral ao Dia Mundial da AIDS; e criar espaços para compartilhar experiências e materiais elaborados nas diferentes igrejas, em toda a América Latina e no Caribe.
Concluem pedindo que "a Virgem Maria, quem, com sua presença, silêncio e compaixão, acompanhou seu Filho até o pé da cruz (cf. Salvifici doloris, 26) e está ao lado dos enfermos que sofrem a dor, seja nossa inspiração e auxílio, para que, com nossa presença, oração e compromisso, acompanhemos de perto as pessoas afetadas pelo HIV, rostos sofredores de Cristo na nossa época".

Fonte: Zenit.

Representante vaticano pede que se acompanhe migrante em sua deportação

As comunidades cristãs estão chamadas a “acompanhar os migrantes nos processos de deportação e expulsão, dado que atualmente não existe uma atenção como essa por parte de organizações sociais”.
Dom Antonio Maria Veglió, presidente do Pontifício Conselho para a pastoral dos Migrantes e Itinerantes, fez esse convite no último sábado, durante a homilia de encerramento do Encontro continental latino-americano sobre migrações. O evento se celebrou em Bogotá, de 17 a 20 de novembro.
O prelado destacou a conveniência de que “as comunidades cristãs aproveitem a oportunidade de trabalhar em equipes nas fronteiras, construindo pontes sólidas para o benefício dos migrantes”.
Dom Veglió também indicou outras sugestões e desafios levantados pelo “aumento constante das migrações entre os países latino-americanos e para outros países do mundo”.
Convidou a comunidade cristã a apoiar as iniciativas que favoreçam a organização dos grupos de migrantes e contribuam para sua capacitação e consolidação da integração dos trabalhadores migrantes entre as organizações trabalhistas existentes.
O presidente do Conselho para os Migrantes destacou também a necessidade de “aumentar a colaboração com organizações governamentais e não governamentais e de consolidar os programas de prevenção ao tráfico de migrantes”.
Em nome dos representantes de 19 países participantes no encontro, pediu aos governos que revisassem suas políticas e leis que comprometam a tutela dos direitos fundamentais do homem assim como promovam as que combatam os abusos sobre o trabalho e a exploração sexual.
Recomendou que “se faça todo o possível para que se adotem os mecanismos internacionais de proteção aos direitos de todos os migrantes e de seus familiares”.
Dom Vegliò sugeriu às igrejas locais “assistir espiritualmente as comunidades da diáspora com o envio de sacerdotes missionários qualificados, em comum acordo com as Conferências Episcopais das Igrejas de acolhida”.
O prelado qualificou a pastoral dos migrantes como “uma fronteira significativa de evangelização no mundo atual”.
Sobre o fenômeno migratório hoje, Dom Vegliò destacou que “os países não devem consagrar seus esforços exclusivamente no controle dos fluxos migratórios, mas também na proteção do migrante e na luta contra o crime organizado”.
Ele denunciou que “as vítima do tráfico de pessoas se sentem presas e perdidas entre as ameaças dos que as exploram e sua condição irregular no país de acolhida”, lembrando também “as dívidas que os agentes de máfias impõem tanto às vítimas quanto às famílias no país de origem”.

Fonte: Zenit.

Vida cristã deve ter Cristo no centro, afirma Papa

A espiritualidade de Santa Catarina de Sena, uma das maiores mulheres da vida da Igreja, tinha um centro vital: Cristo, que "é para ela como o esposo com quem tem uma relação de intimidade, de comunhão e de fidelidade; é o bem amado acima de qualquer outro bem".
O Papa Bento XVI dedicou a catequese de hoje, na audiência geral realizada na Sala Paulo VI, à santa italiana, doutora da Igreja e copadroeira da Europa, dentro do seu ciclo sobre mulheres santas da Idade Média.
Catarina de Sena, que viveu no difícil século XIV, foi, segundo o Papa, uma dessas santas "que agitam as mentes e os corações, provocando conversão e renovação".
Originária de Sena, desde muito jovem entrou na Ordem Terciária Dominicana. Foi favorecida com numerosas visões e revelações divinas.
Apesar de não ser uma pessoa ilustrada, foi conselheira espiritual de "nobres e homens políticos, artistas e gente do povo, pessoas consagradas, eclesiásticos, incluído o Papa Gregório XI, que naquele período residida em Avinhão e a quem Catarina exortou enérgica e eficazmente a voltar a Roma".
"Viajou muito para solicitar a reforma interior da Igreja e para promover a paz entre os Estados", explicou o Papa.
"Também por este motivo, o venerável João Paulo II quis declará-la copadroeira da Europa: para que o Velho Continente não se esqueça jamais das raízes cristãs que estão na base do seu caminho e continue extraindo do Evangelho os valores fundamentais que garantem a justiça e a concórdia."
Por isso, afirmou Bento XVI, desta santa "aprendemos a ciência mais sublime: conhecer e amar Jesus Cristo e sua Igreja".
"Aprendamos de Santa Catarina a amar com coragem, de forma intensa e sincera, a Cristo e à Igreja", exortou.
Esposa de Cristo
O Papa explicou algumas das visões da santa, nas quais o próprio Jesus Cristo a desposava na fé ou trocava seu coração pelo dela.
"Assim como a santa de Sena, todo crente sente a necessidade de configurar-se segundo os sentimentos do Coração de Cristo, para amar a Deus e ao próximo como o próprio Cristo ama", afirmou o Papa.
"E todos nós podemos deixar que nosso coração se transforme e aprenda a amar como Cristo, em uma familiaridade com Ele nutrida pela oração, pela meditação sobre a Palavra de Deus e pelos sacramentos, sobretudo recebendo frequentemente e com devoção a santa Comunhão", acrescentou.
Por isso, o Pontífice convidou a receber frequentemente a Eucaristia, que "é um extraordinário dom de amor que Deus nos renova continuamente, para nutrir nosso caminho de fé, revigorar nossa esperança, inflamar nossa caridade, para tornar-nos cada vez mais semelhantes a Ele".
Outro dom que Catarina tinha era o das lágrimas, que "expressam uma sensibilidade especial e profunda, capacidade de comoção e de ternura".
Catarina exerceu também, de forma destacada, a maternidade espiritual: "Também hoje a Igreja recebe um grande benefício do exercício da maternidade espiritual de tantas mulheres, consagradas e leigas, que alimentam nas almas o pensamento de Deus, reforçam a fé das pessoas e orientam a vida cristã rumo a cumes cada vez mais elevados", concluiu.

Fonte: Zenit.

Papa expressa “profunda amargura” com ordenação na China

Bento XVI expressou sua amargura ao receber a notícia da ordenação episcopal ilícita do padre Joseph Guo Jincai, na China. A Santa Sé está investigando a participação forçada de prelados na cerimônia.
O Papa acolheu a notícia da cerimônia realizada no sábado passado com “profunda amargura, pois tal ordenação foi conferida sem o mandato apostólico e, por isso, representa uma dolorosa ferida à comunhão eclesial e uma grave violação da disciplina católica”, afirma hoje o Vaticano em comunicado.
A nota da Santa Sé afirma que nos últimos dias houve pressões e restrições à liberdade de diversos bispos, para obrigá-los a participar da ordenação, fato considerado “uma grave violação da liberdade de religião e de consciência”.
Segundo o Vaticano, isso repercute dolorosamente, em primeiro lugar, sobre Joseph Guo Jincai que, por causa desta ordenação episcopal, encontra-se “em uma gravíssima condição canônica”.
A ordenação, de acordo com o Vaticano, “humilha” os católicos de Chengde, porque as autoridades civis chinesas querem impor-lhes um pastor que não está em plena comunhão nem com o Santo Padre nem com os demais bispos do mundo.

Fonte: Zenit.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Jovens cristãos querem permanecer na Terra Santa



A maioria dos jovens cristãos palestinos, com um bom nível de instrução, prefere permanecer na Terra Santa e não emigrar.
Esses dados emergiram numa pesquisa feita pela Comissão de Coordenação de Ajuda Católica (Catholic Aid Coordination Committee), rede de organizações católicas que ajuda as comunidades cristãs do Oriente Médio. A organização tem sede em Jerusalém.
O estudo foi realizado nas áreas que possuem uma significativa presença cristã, incluindo a Faixa de Gaza, envolvendo pessoas de todas as categorias sociais. O objetivo da iniciativa era ajudar as organizações da Comissão de Coordenação de Ajuda Católica a coordenarem melhor seus esforços em favor da população cristã na Terra Santa.
A pesquisa mostrou que os jovens palestinos, sobretudo os instruídos, são muito ligados à sua terra e possuem um arraigado senso de pertença à Igreja, da qual esperam ajuda para encontrar trabalho, casa e educação.
Os resultados da pesquisa reforçam o que foi afirmado no Sínodo dos Bispos para o Oriente Médio, realizado em outubro passado, no Vaticano, sobre a necessidade de ajudar os cristãos a se integrarem na sociedade.
Segundo a Comissão de Coordenação de Ajuda Católica, uma intervenção útil no sentido da integração, seria ajudá-los a comprar casa em bairros mistos, ao invés de financiar a construção de casas em bairros habitados somente por cristãos.


Fonte: Rádio Vaticano

Asia Bibi, condenada à morte por blasfêmia no Paquistão, é libertada



Asia Bibi, a cristã paquistanesa condenada à morte por blasfêmia, foi libertada da prisão depois de receber clemência do presidente Asif Ali Zardari.
A notícia foi confirmada pela International Christian Concern (ICC), além de outras instituições de defesa da liberdade religiosa e a agência do Kuwait Kuna.
Bibi, de 37 anos, esteve presa durante vários meses sem ter sido processada e foi declarada “inocente” pelo ministro das Minorias do Paquistão, Shahbaz Bhatti, que também é cristão.
O ministro tinha pedido a libertação da paquistanesa ao presidente Zardari, por "não ter cometido atos blasfemos”.
No último sábado, Bibi assinara um pedido de clemência ao presidente, entregue a Zardari pelo governador de Punja, Salman Taseer.
Além da comunidade internacional, o Papa Bento XVI também já havia intercedido junto ao governo paquistanês.
Bibi foi condenada à morte por um juiz do distrito paquistanês de Nankana, na província central de Punjab. A condenação foi baseada em fatos ocorridos em junho de 2009, quando a mulher foi acusada de ofender o profeta Maomé durante uma discussão com muçulmanas.
Asia Bibi, segundo fontes locais, foi levada a um lugar não revelado para sua segurança, pois já houve casos anteriores de assassinato de pessoas declaradas inocentes no país.
A mulher vive com seu esposo, Ashiq Masih, suas três filhas e um filho, no bairro "Chak 3", em Ittanwali, província d Punjab. No assentamento muçulmano “Chak 3” vivem somente três famílias cristãs.


Fonte: Zenit.

Cardeal equatoriano: vermelho de nossa batina recorda o amor

Dom Raúl Eduardo Vela Chiriboga encontrava-se em retiro espiritual, após ter renunciado à arquidiocese de Quito por limite de idade, quando soube que Bento XVI o havia convocado para integrar o Colégio Cardinalício.
“Temos de estar dispostos a dar a vida pelo bem da Igreja”, disse o cardeal de 76 nesta entrevista que concedeu a ZENIT.

Sua primeira missão episcopal foi como bispo auxiliar de Guayaquil. Como foi?

Cardeal Vela: Quando fui nomeado bispo pelo Papa Paulo VI, em 1972, havia 4 anos trabalhava como secretário da Conferência Episcopal Equatoriana, e segui exercendo ambas funções, tarefas compatíveis, mas um pouco pesadas. Agradeço ao Senhor por ter tido como mestre pastoral e espiritual o cardeal Bernanrdino Echavarría (1912 - 2000), um bispo de longa trajetória pastoral, que foi o segundo arcebispo de Guayaquil. Sobretudo no serviço aos mais necessitados e no espírito de oração que sabia transmitir a todos seus colaboradores.

Depois o senhor foi bispo de Azogues...

Cardeal Vela: Ali estive durante 14 anos. Era uma diocese pobre e nova, eu era o segundo bispo. Havia muitos irmão indígenas. Pude trabalhar no aspecto espiritual, que é o fundamental para minha tarefa, mas também no aspecto promocional e social.

Por que disse que era necessário purificar a religiosidade popular nessa diocese?

Cardeal Vela: Porque às vezes, a religiosidade popular, se não a purificamos, vai assumindo certas coisinhas que não são nem doutrinal, nem pastoral, nem dogmaticamente de acordo com a fé de nossos antepassados. Então vem certa confusão, certo dualismo, que se gostaria de introduzir, que não tem nada a ver com um sadio e reto sentido religioso, que se põe em relação com Deus.

Em seguida o senhor passou a arcebispo castrense...

Cardeal Vela: Uma experiência também maravilhosa durante 14 anos. Às vezes, as pessoas podem perguntar: por que um bispo em meio aos militares, que teoricamente são pessoas treinadas para matar, para resguardar a ordem à base da violência, talvez com o uso das armas? Creio que passou com eles uma grata experiência. Muito aprendi deles do sentido de honestidade, de retidão, de serviço aos demais. Sobretudo me interessou o campo da família do militar, porque é um dos grandes perigos que tem, porque nem sempre estão comprometidos a viver juntos, dado o traslado de um lugar para outro. Também foi um campo muito bom para o cultivo das relações humanas, buscando a dignidade de todos, desde os mais altos militares até os soldados mais simples.

E a experiência como arcebispo de Quito?

Cardeal Vela: Não foi fácil. Eu dizia ao Senhor: “confio em ti”. Era uma diocese grande, complexa. Tive o apoio dos bispos auxiliares, da Santa Sé, de meus sacerdotes e minhas comunidades, sobretudo no aspecto da oração.

A vida política do Equador não é tão simples. Três golpes de estado entre 1997 e 2005. Como o senhor viveu esses momentos, primeiro como arcebispo castrense e depois como primaz do Equador?

Cardeal Vela: Pude descobrir quão complexa é a vida política! Uma pessoa que vai dirigir uma nação deve ser um estadista sereno, tranquilo, porque os assuntos se apresentam tão de repente e tão seguidos durante o dia que podem assustar qualquer um.
Há que saber conviver e combinar os desejos de um povo que estão referidos só ao bem comum. Mas quando o bem comum se deixa de lado, começa o conflito, surgem as diferenças, as discrepâncias e a divisão dentro do povo. Isso é muito doloroso.
Na América Latina estamos muito atentos para lutar por todos os meios para dialogar. Não podemos viver só da briga diária. O diálogo é uma arte. Não podemos pensar que minha ideia tem de vigorar de todos os modos. Quando vamos ao diálogo, devemos procurar ir desarmados.

Como cardeal, ao que vai se dedicar agora?

Cardeal Vela: Vamos ver o que diz o Santo Padre. Formo parte do Colégio Cardinalício, que como bem o diz o Código de Direito Canônico, somos os escolhidos pelo Santo Padre para o conselho, a ajuda, a visão da problemática em âmbito universal. Espero que o Senhor me inspire e dê graças. É ali quando alguém se sente pequeno e um pouco necessitado da luz para a palavra oportuna, a discrição necessária e sobretudo o testemunho. Como sabe, agora na batina levaremos a cor vermelha. Recorda-nos o sangue, também o amor.

Fonte: Zenit. - (Carmen Elena Villa)

Papa reafirma sua confiança nos novos cardeais

Um cardeal não deve preocupar-se somente com sua Igreja particular, mas deve saber ampliar seu olhar a toda a Igreja universal. Foi a recomendação do Papa Bento XVI aos novos cardeais, recebidos em audiência ontem, junto com seus familiares e acompanhantes na Sala Paulo VI.
Numa mostra de afeto e apoio, Bento XVI quis saudar os 24 novos purpurados em seus respectivos idiomas, afirmando sua confiança neles e no trabalho que desempenharão a partir de agora.
“Confio muito em vocês, na sua oração e na sua preciosa ajuda”, disse o Papa, animando-os a seguir o “exemplo luminoso dos santos cardeais, intrépidos servidores da Igreja que, ao longo dos séculos, deram glória a Deus com o exercício heróico das virtudes e a tenaz fidelidade ao Evangelho”.
Invocando sobre eles a mártir Santa Cecília, cuja festa se celebrava ontem, relembrou seu compromisso “de ser atentos ouvintes das diversas vozes da Igreja, para tornar mais profunda a unidade dos corações”.
Aos cardeais italianos, cuja maioria já é membro da Cúria Romana, exortou a “perseverar fielmente em suas respectivas tarefas pelo bem do Evangelho e de todo o povo cristão”.
Aos de língua francesa, como o patriarca de Alexandria do Coptas, Antonios Naguib, e dos africanos, fez o convite a “estender o olhar às dimensões da Igreja universal” e a ser “testemunhas ardentes do Evangelho para voltar a dar ao mundo a esperança que necessita e para contribuir para o estabelecimento da paz e da fraternidade”.
Dirigindo-se aos cardeais de língua inglesa, disse que “os cardeais estão chamados a participar de uma forma especial da solicitude do Papa pela Igreja universal”.
Ao cumprimentar os de fala alemã, saudou especialmente o novo cardeal Kurt Koch, presidente do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, salientando sua “importante tarefa ao serviço da Igreja Universal e do Papa na unidade dos cristãos”.
Em espanhol, o Papa felicitou os novos cardeais pedindo que “movidos por um amor intenso a Cristo e unidos em estreita comunhão com o Sucessor de Pedro, continuem servindo com fidelidade à Igreja”.
Relembrando a visita ao Brasil, Bento XVI dirigiu-se a Dom Raymundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida, afirmando que a viagem ao país lhe concedeu “horas de íntima alegria e grande esperança eclesial”.
Ao cumprimentar o cardeal polonês Kazimierz Nycz, lembrou que a nomeação cardinalícia “obriga à solicitude já não só pela Igreja local, mas por toda a Igreja universal além da estreita colaboração com o Papa em seu ministério”.

Fonte: Zenit.